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Macbeth: Tradução: RAFAEL RAFFAELLI (William Shakespeare translations into Portuguese (traduções para o português) by Rafael Raffaelli)

Translation into Portuguese of William Shakespeare's Play, Macbeth.

MACBETH é considerada pela crítica como uma das mais importantes obras de William Shakespeare. Supõe-se que tenha sido escrita entre 1605 e 1606 e que sua primeira encenação ocorreu em 1606. O texto base para todas as edições modernas é o Primeiro Fólio (F1), publicado em 1623, com prováveis interpolações de outros autores, em especial Thomas Middleton, que é considerado o adaptador da peça.
Atribui-se a Middleton a inclusão, em 1609, da cena 3.5 e da fala de Hécate em 4.1, além de duas canções extraídas da peça The Witch (A Bruxa) de sua autoria. Essas inserções devem-se antes a razões práticas – o interesse popular pelo tema das bruxas e o emprego do aparato técnico disponível nos novos teatros privados da época –, do que a razões estéticas ou de conteúdo. Apesar de Macbeth não se constituir numa peça histórica, seu protagonista foi de fato uma figura da história escocesa que reinou por 17 anos, de 1040 a 1057. Para montar o enredo de sua peça Shakespeare apoiou-se principalmente nas Crônicas da Inglaterra, Escócia e Irlanda (1577, 1587), compiladas por Raphael Holinshed e outros, mas também nas obras anteriores de Hector Boece, Scotorum historiae (1526, 1575), e de George Buchanan, Rerum Scoticarum historia (1582). Há evidências de que tenha sido feita de encomenda para ser representada na corte do Rei Jaime I, que unificou as coroas da Inglaterra e Escócia ao suceder a Elisabeth I. O monarca escocês patrocinou a tradução da Bíblia (Vulgata) para a língua inglesa e era um estudioso da demonologia, tendo pessoalmente interrogado algumas bruxas escocesas entre 1590 e 1591. Além disso, Jaime I supostamente seria descendente de Banquo, um dos principais personagens da peça. A tragédia ultrapassa a caracterização psicológica e questiona a ambivalência entre o Bem e o Mal, segundo a simbologia gnóstica e em consonância com os provérbios ingleses “fair without but fool within” e “fair face foul heart”. Mas as próprias Bruxas, já na abertura, enunciam: “fair is foul, foul is fair”. O oximoro “fair-foul” comporta várias possíveis antinomias em português: bem-mal, belo-feio, verdadeiro-falso, justo-injusto e outras. Esses termos polissêmicos são repetidamente empregados ao longo da peça, quase sempre relacionados à oposição fora-dentro. São igualmente notáveis as repetidas duplicações, referindo-se ao par antitético “fair-foul”, e as menções aos múltiplos de três, caracterizando a ação das Bruxas e da deusa tripartite Hécate. O emprego de metáforas reiteradas referindo-se à relação das vestimentas com o poder, mas também à economia, à medicina e à biologia – em especial à zoologia e à botânica –, conectam as cenas segundo a progressão da trama e explicitam a intimidade de Shakespeare com esses campos de conhecimento. A poção das Bruxas (4.1) é um exemplo soberbo, pois a maioria dos ingredientes de sua receita é composta de animais e plantas endêmicos da fauna e flora das Ilhas Britânicas, acessíveis às bruxas escocesas. Também- são numerosas as alusões à Bíblia, sendo as mais relevantes: “ninguém nascido de mulher” – sentença tomada num sentido muito particular, que dá ensejo à dúbia profecia das Bruxas – e “a vida é apenas uma sombra errante”. Outra alusão significativa, agora de cunho político, transparece nas falas do Porteiro ao dialogar com Macduff (2.3): a “doutrina da equivocação” (doctrine of equivocation), como eram jocosamente cognominados à época os sofismas dos jesuítas envolvidos no Complô da Pólvora (Gunpowder Plot) de 1605. Essa mesma cena ilustra com propriedade a teoria dos gêneros dramáticos mistos, mesclando comédia e tragédia, pois a comicidade desbragada do Porteiro é um interlúdio entre o assassinato do Rei Duncan por Macbeth na cena anterior e a descoberta de seu cadáver por Macduff na sequência.

3ª edição da tradução em português de MACBETH, revista e adaptada para leitura em plataformas digitais.

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