Hoje no Twitter rolou uma discussão muito legal a respeito dos principais sistemas operacionais de smartphones (e tablets) atualmente: iOS e Android. Partiu de um comentário jocoso de um usuário (que eu vi porque foi retuitado por alguém que sigo) sobre o bloqueio do aplicativo do GrooveShark na loja de aplicativos da Android, o Android Market. A gozação foi uma provocação aos usuários de Android que falam muito sobre a liberdade do sistema operacional em contraposição ao rígido esquema de aprovação dos aplicativos da iTunes App Store, do iOS.
A discussão seguiu a partir de outros comentários e de um meu “informando” (como se eles não soubessem) que, mesmo um aplicativo banido do Android Market, pode ser instalado em seu celular. Simplesmente pode, a escolha é sua. É dessa liberdade que usuários de Android tanto falam, mas alguns ufanistas acabam por não serem bem aceitos por conta de seu radicalismo de opiniões.
Disclaimer: Ok, eu sei que dá pra fazer o mesmo com iOS, desde que você faça o Jailbreak no aparelho. Mas estamos falando de liberdade não-forçada, ok?
Radicalismos, fans e tards
Desde que comecei a usar smartphones (vamos nos limitar a eles, ok?) já experimentei celulares com Windows, BlackBerry, Android e iOS. Atualmente uso dois celulares e um tablet, com os dois últimos citados e principais objetos da discussão. Posso dizer sem medo de falar besteira, que todos possuem seus defeitos, conheço e já sofri com alguns deles. Mas existem também suas características fortes, suas vantagens e diferenciais. Mas tem gente que não aceita reconhecer isso.
Essas pessoas que escolhem um sistema operacional ou uma marca qualquer e a defendem de qualquer maneira (até mesmo se contradizendo) são facilmente rotuladas de “fans” ou “tards”, sufixo comumente usados com a marca ou produto como prefixo: appletards, macfans, freetards (referindo-se ao pessoal que defende sabores de Linux e afins), etc. E esses mesmos “tards” atacam outras pessoas que defendem o outro lado (mesmo que uma característica apenas) chamando-os de “tards” também, ora bolas. Eles precisam, afinal, atacar alguém hehehe.
Hoje está cada vez mais acirrada a disputa entre grandes marcas, empresas e sistemas, isso é claro. Porém, com a diversidade que temos de possibilidades, é fácil surgir a qualquer momento um azarão, correndo por fora da disputa, que roube a cena. E onde ficará sua bandeira que você insiste em segurar? Vale muito mais a pena ter uma visão crítica, mesmo tendo alguma preferência, e estar aberto a testes e experiências diferentes.
Eu, por exemplo, tenho aqui em casa um iPhone 3Gs, um Samsung Galaxy S e uma tablet Samsung Galaxy Tab. Uso-os com frequencia fora e dentro de casa, comparo-os em diversas situações, até mesmo os aplicativos, não somente coisas do sistema operacional ou hardware. Identifico pontos positivos e negativos em todos eles.
iPhone 3Gs vs Galaxy S vs Galaxy Tab
iPhone 3Gs
Uso há mais tempo e por mais tempo durante o dia. A bateria dura 1 dia apenas, mesmo usando muito pouco a função telefone – uso mais Internet móvel 3G e WiFi (na maior parte do tempo). É quase meu computador móvel, muito mais que telefone. Gosto da facilidade de integração com meu computador (uso Mac) e acho fraca a integração com o PC com Windows. Hoje eu já acho ele um pouco pesado e tenho enfrentado problemas com a recepção (o sinal), mas ainda assim tem uma interface fantástica e uma resposta muito rápida ao toque. No Centro de São Paulo (operadora Vivo) eu fico sem sinal na maior parte do dia, enquanto o Galaxy S se sai melhor. Como consumo muito áudio (música e podcasts), ligá-lo num equipamento bom é uma experiência ótima, mas o fone de ouvido que vem com o iPhone já foi descartado, pois embora seja bonito, o som do fone do Galaxy Tab (100% compatível) é muito melhor e está sendo usado há tempos hehe. Sobre aplicativos, sofro com o fato de usar a iTunes Store brasileira e num aparelho sem Jailbreak, portanto, não estou sempre atualizado com os melhores apps.
Galaxy S
Uso pouco por absoluta preguiça de fazer as alterações necessárias no Mac para integrar tudo com a conta Google (isso deve mudar nos próximos dias). A bateria, quando em uso total, também dura apenas 1 dia, mas em modo offline (sem conexões) ele dura muito mais que o iPhone nas mesmas condições. Tem quase as mesmas proporções que o iPhone 3Gs, mas é muito mais leve e a tela (Super Amoled) tem maior área. Duas câmeras (melhores, uma delas grava videos em HD) com uma frontal que permite video-chamadas via operadora (um flash para fotos faz falta). Tem TV digital, troca a bateria, aceita cartões Micro SD e tem uma ótima recepção. Integra com Windows, Mac e Linux, roda Flash, edita documentos do Office e dá pra instalar qualquer aplicativo disponível e compatível dentro ou fora do Android Market. A conexão é micro USB, dá pra usar como router wi-fi e transferir conteúdo de mídia direto pra equipamentos compatíveis com DLNA.
Galaxy Tab
Tive algumas poucas oportunidades de usar um iPad e tive a impressão de ser um hardware bacana, com um sistema operacional que eu já conhecia, mas que valeu pela ideia, muito mais que pelo conjunto. Pesado, grandalhão e com recursos limitados, não me convenceria a comprá-lo. Quando conheci o Tab, da Samsung, a comparação foi inevitável. Mais leve, menor (cabe no bolso de trás da calça jeans ou no bolso interno do casaco), com vários recursos esperados e alguns inesperados. O equipamento tem câmera boa (e com flash), câmera fronta para videochamadas, tem uma imagem muito boa e suficientemente grande para ler e ver vídeos, compatível com os padrões mais utilizados e com legenda externa, aceita widgets nos desktops (coisa que o iOS não tem), além de todas as características do Android citadas para o Galaxy S e surpreende: faz ligações ;-). Vem com um fone bluetooth que permite usá-lo como um celular (que você também pode fazer com o fone wired também). Ah! Também aceita cartões Micro SD, tem A-GPS, DLNA e roda Flash.
Claro, essas são as minhas impressões (e algumas citações de features) sobre a minha experiência. Mas é inegável que existem vantagens em todos, assim como desvantagens. Cada um usa o que melhor se adequa í s suas necessidades, uso e bolso.
Livre discussão
O mais legal nisso tudo é absorver a diversidade como uma vantagem para nós, usuários e consumidores. Quanto mais empresas, marcas e sistemas diferentes houver, melhor será a briga entre eles e quem sai lucrando são os usuários: melhores features em cada lançamento, menor preço, maior compatibilidade e garantia. A grande vantagem que o iOS tinha sobre o Android e que nos fazia aceitar as restrições impostas pela plataforma já não é tão grande assim. As pessoas estão vendo a constante melhora da plataforma Android e de seus hardwares licenciados, além do fator design ter melhorado MUITO desde o primeiro Android lançado (um fator que atrai bastante nos produtos Apple).
Quanto mais discutirmos, testarmos, apontarmos os defeitos e qualidades das plataformas existentes, melhores serão os produtos, as atualizações, mais acirrado o mercado, maiores serão as pesquisas para criação de diferenciais. Cabeça aberta só vai fazer com que todos nós lucremos.
E aí, vamos acabar com a mentalidade “tard”?