• Social

    Pugedon, a vending machine de ração onde o pagamento é reciclagem

    Animais abandonados, muito mais que uma questão de segurança e saúde pública, são uma questão social em muitas cidades do mundo. Na Turquia eles começaram a tratar dessa questão de uma forma um pouco diferente depois que uma empresa lançou o Pugedon, uma espécie de vending machine de ração e água para cães e gatos de rua, onde o pagamento é feito com garrafas para reciclagem.

    Animais abandonados na Turquia

    Istambul, uma das cidades atingidas, possui cerca de 150 mil cães e gatos de rua, para uma população humana de 14 milhões, e não tem um histórico bom no trato com os animais abandonados. Seus habitantes já chegaram a ser encorajados a matar animais de rua, como parte de um “programa” para reduzir sua população. Em 2012 chegaram a sugerir uma lei para capturar os animais de rua e abandoná-los em regiões selvagens de cidades vizinhas, mas gerou muita controvérsia e protestos dos ativistas da causa animal, que a compararam com uma outra lei de 1910 em que os animais eram levados para uma ilha, onde eram obrigados a comer uns aos outros para sobreviver. “Um ato igualmente brutal e cruel”, segundo os ativistas.

    O produto lançado no início desse ano (o site ainda possui pouquíssimas informações e o domínio foi registrado em fevereiro) começa a ser adotado pelas cidades turcas como projeto sócio-ambiental e com apoio dos ativistas e veterinários. Além de tratar diretamente de um problema urbano, que são os animais famintos, revirando lixos em busca de comida, o projeto consegue atingir dois pontos igualmente importantes: a questão da reciclagem do lixo e principalmente a humanidade dos habitantes, que passaram a ver os animais com outros olhos – alguns sequer percebiam sua presença como seres vivos, viraram paisagem.

    Pugedon feed machine

    A máquina funciona de forma muito simples. Com parcerias de diversas marcas de alimentos para animais, um dispensador automático de comida é acionado sempre que algum objeto é depositado em local apropriado (garrafas de plástico e vidro em sua maioria). Há também um espaço para dispensar água, que além de ajudar no processo de armazenamento das garrafas, serve para hidratar os animais. Infelizmente não consegui informação sobre como essa água é servida aos bichos, se há algum tratamento, filtragem, etc. A primeira preocupação é o uso incorreto, podendo a pessoa despejar líquidos não apropriados para consumo animal e acabarem prejudicando-os.

    É claro que somente alimentar os animais não resolve os problemas que uma superpopulação deles pode causar, é preciso cuidar da saúde, aplicar vacinas, reduzir infestações de parasitas e criar programas de adoção e abrigos. Mas a iniciativa é bem válida e merece a menção. Quem sabe desse não surjam mais projetos complementares? Adoraria ver essas caixas circulando no Brasil.

  • Internet

    Cães sendo usados como iscas de tubarão?

    A história é comovente: pescadores franceses usam cachorros e gatos como iscas vivas para pescar tubarões. A foto também é bem comovente e apelativa, às vezes apresenta um cão com os lábios superiores no anzol, em outra o anzol está nas narinas do animal.

    Pesquisando sobre a história que está sendo (novamente) espalhada, dessa vez pelo Facebook, com uma petição para que esse absurdo acabe, eu descobri que a história não é totalmente mentirosa. Mas também não é toda verdade.

    Cachorros e gatos, vivos ou mortos

    Há bastante tempo, em 2005, as autoridades foram alertadas sobre a utilização de cães e gatos, vivos ou mortos, como iscas de tubarão. Isso aconteceu numa pequena ilha afastada da costa africana, território francês, chamada Réunion. A prática, considerada ilegal e totalmente proibida, era obra de alguns pescadores amadores, que se aproveitaram do fato de que cães e gatos eram considerados uma “praga” na pequena ilha (havia superpopulação desses animais), para capturá-los e utilizá-los dessa forma. A maioria dos animais era abatida antes da pesca.

    O fato foi denunciado às autoridades e divulgado pela imprensa, atingindo um nível tão grande que envolveu o governo francês, entidades protetoras dos animais internacionais e até mesmo a Família Real Britânica.

    Na ilha de Réunion, como em diversas partes do mundo, maltrato de animais é crime, e nesse caso específico, até mesmo a pesca de tubarões é ilegal e proibida, não importa o tipo de isca utilizados. Assim, esse caso, embora real, foi tratado como um caso isolado, praticado por um grupo muito pequeno de pescadores amadores, totalmente coibido e sem registros de que tenha voltado a acontecer.

    A parte mentirosa da história

    Livro disponível na Amazon ajuda a não ser vítima de mentiras

    Boa parte das fotos divulgadas, principalmente as que ilustram esse texto, são montagens ou meias-verdades. A mais famosa e principal, do labrador, não é montagem. No entanto acredita-se que o cão, que se tratava de um animal de estimação e que fora encontrado com o gancho nos lábios superiores, seja vítima de um acidente com o gancho, podendo ter sido provocado por ele próprio.

    A principal justificativa é ele ter sido encontrado livre e com vida, mas também pelo fato de que um anzol preso nessa parte do corpo do animal não teria o efeito esperado para ser utilizado como isca, já que o mínimo movimento mais bruto poderia fazer a pele rasgar e o anzol se desprender. Isso também derruba a teoria de que ele teria escapado dos pescadores, pois o gancho não apresentava sinais de ter sido forçado.

    A segunda foto, do filhote com gancho do anzol no nariz, é montagem.

    Conclusões sobre a história dos cachorros usados como isca

    • A história é verdadeira, mas foi um caso isolado e criminoso, não uma prática, como as pessoas queriam fazê-lo acreditar
    • Boa parte das imagens usadas para divulgar a prática são falsas, montagens toscas ou meias-verdades
    • As autoridades já puniram e coibiram os atos de 2005 e nenhum outro caso foi registrado desde então
    • Divulgar essa história só vai causar confusões e aumentar a mentira ainda mais, por isso:
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