As águas do açude de Cocorobó, que cobrem as ruínas do arraial fundado pelo beato Antônio Conselheiro, em Canudos, sertão da Bahia, não foram suficientes para apagar os rastros do sangrento conflito armado que pôs a nu as contradições sociais do Brasil nos primeiros anos da república. Os eventos ocorridos em Canudos em fins do século XIX continuam sendo rico objeto de pesquisas históricas e permanecem vivos no imaginário popular até hoje. Entre os anos de 1897 e 1898, o poeta sergipano Manuel Pedro das Dores Bombinho (1860-70 ? 1940) escreveu o extenso ?Canudos, história em versos?, depois de acompanhar a quarta expedição do exército enviada a Canudos pelo governo republicano. Os quase seis mil versos que compõem o poema foram escritos com base em fatos que o próprio poeta testemunhou, além de relatos recolhidos por ele enquanto estava na região. As indicações geográficas e cronológicas são muitas e extremamente precisas, quase como num livro de História do Brasil. Aliás, essa preocupação com a minúcia histórica da narrativa é denunciada pelo autor já no título da obra.