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Livro - O Futuro Chegou
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O futuro chegou é um ensaio de fôlego, que se propõe a difÃcil tarefa de debater com uma ampla tradição de interpretações do Brasil para responder à pergunta: para onde estamos indo? No panorama de crise configurado neste momento, em que uma sucessão de denúncias e investigações evidenciam práticas polÃticas extremamente negativas e profundamente danosas para o paÃs, toda reflexão que nos proponha uma visão de conjunto sobre o Brasil é muito bem-vinda. Ainda mais quando é fruto de uma prolongada reflexão e de cuidadoso estudo. Escrito em meio à crise polÃtica atual - mas paulatinamente projetado ao longo dos últimos 20 anos - o livro O futuro chegou, do ex-ministro da Fazenda MaÃlson da Nóbrega, proporciona esse tipo de reflexão. Na busca de uma resposta, MaÃlson recorre, em primeiro lugar, à história. Remontando, na primeira parte do livro, às origens do capitalismo, ele se debruça sobre alguns momentos cruciais da história do Ocidente, como as revoluções Gloriosa e Industrial, entre outros, para entender a formação do mundo contemporâneo. Sua análise é arguta, recorrendo a diversos autores e interpretações. Seu interesse, porém, não é entender o passado, mas juntar elementos que lhe permitam entender como funciona o nosso mundo e, especificamente, como o Brasil se encaixa nele. Ao longo da narrativa histórica, MaÃlson vai discutindo processos, analisando modelos de desenvolvimento, expondo teorias, em suma, "acumulando capital" histórico e teórico para introduzir o leitor à grande tese do livro. Essa tese está profundamente associada à chamada Nova Teoria Institucional, que MaÃlson abraça - sempre de forma crÃtica. De acordo com essa perspectiva, o desenvolvimento não é fruto de polÃticas econômicas milagrosas, mas da existência e da consolidação de instituições fortes que permitam tanto o crescimento sustentado - e não os surtos ocasionais propiciados pelas conjunturas especÃficas - quanto a distribuição da riqueza - pois, como MaÃlson não deixa de nos lembrar ao longo de toda a sua obra, crescimento e desenvolvimento são termos distintos, o primeiro não implicando necessariamente o segundo, na ausência de mecanismos que transformem a riqueza em bem-estar para o conjunto da população. É a partir dessa perspectiva que MaÃlson aborda, na segunda parte de sua obra, a história do Brasil, delineando, aos poucos, um modelo muito claro, absolutamente dominante até os meados da década de 1980, em que o patrimonialismo e o personalismo dominavam a vida nacional e impediam a formação de instituições sólidas que pudessem embasar um modelo seguro de desenvolvimento.