Pela primeira vez o leitor brasileiro tem um livro inteiramente dedicado ao estudo do romance Serafim Ponte Grande, publicado em 1933, uma das obras mais ousadas do modernista Oswald de Andrade. Pascoal Farinaccio é professor de literatura na Unicamp, e esse seu primeiro trabalho, de leitura prazerosa, está concisamente montado em quatro partes, marcadas pela clareza, seriedade e rigor investigativo. Na primeira parte, aponta a função do leitor, indispensável na constituição da estrutura ficcional. Na segunda, registra o parentesco entre a proposta revolucionária do Serafim e a concepção de cultura brasileira, marcando o papel decisivo da Antropologia na construção do romance. Daí o destaque concebido aos capítulos "Testamento de um Legalista de Fraque" e "Os Antropófagos", quase sempre relegados pela crítica. No terceiro bloco do ensaio, o texto é examinado a partir de sua grande inovação, a de representar a representação literária. Na última parte, Pascoal sugere a possibilidade de nos brindar futuramente com outro estudo, quando vislumbra a possibilidade de interpretação de certa prosa, produzida nos anos 20 do século passado, enquanto aproximações da "invenção" de Brasil. Trata-se de uma contribuição inestimável à história literária brasileira, que aborda o Modernismo sob um enfoque novo e instigante.