Segundo a lenda medieval, Erec, o mais moço dos cavaleiros da Távola Redonda, teria abandonando seus companheiros de armas para viver com sua amada Enide como marido e mulher ? uma opção estranha naqueles tempos, em que servir o rei era primordial. Atraído pela história desde a juventude, Manuel Vázquez Montalbán faz uma releitura contemporânea do tema neste livro, que acabou sendo sua última obra. Em Erec e Enid o autor retoma sua faceta de romancista, depois de muitos anos dedicado a outros gêneros literários, e nos brinda com uma reflexão sobre o sentido da vida, do amor e do casamento nos dias de hoje. Numa narrativa em que entrelaça várias histórias de amor e adultério, Montalbán utiliza a lenda como contraponto das felicidades possíveis do ser humano. O livro conta a história do professor Julio Matasanz, especialista em literatura medieval que viaja à Galícia para receber uma homenagem num congresso. Lá, ele reencontra sua amante, a exuberante Myrna. O evento transcorre na ilha de San Simón ? forte de cavaleiros templários, cárcere de republicanos durante e depois da Guerra Civil Espanhola, e hoje um centro cultural. A última aula de Julio versa sobre Erec e Enide, primeiro romance do ciclo do rei Artur, motivo para que o professor faça uma emocionante reflexão sobre o sentido último da vida: o amor e a morte. Ao mesmo tempo, Pedro (afilhado de Julio) e sua companheira Myriam, destemidos voluntários de uma ONG, estão vivendo na América Central, desafiando paramilitares e caciques locais para permanecerem juntos. Enquanto isso, sua nem sempre fiel esposa Madrona, membro ativo da alta burguesia barcelonesa, prepara o Natal com a esperança de reunir toda a família e superar conflitos, na esperança de que a festa dê sentido à sua vida e ao nome da sua residência: A Alegria da Corte.