Todos, menos Verdi, que se orgulhava da pele amarelo-vivo e das riscas grossas que se espalhavam pelo seu corpo. Pensou, pensou e descobriu que não tinha a menor pressa de crescer e virar uma cobra grande e verde. Ao contrário, queria muito continuar do jeito que era, bem diferente de todas elas. Achava Fita, Rolo, Soneca, Tripas e outras cobras que circulavam pela floresta, chatas, preguiçosas e mal-educadas. Um belo dia, entretanto, a pele de Verdi começou a soltar. Logo, uma listra verde-clara cobria seu corpo de ponta a ponta. Como aconteceu? Quase sem fôlego, correu para o rio e se atirou na água. Aquela cor teria que desbotar de qualquer jeito. Nem que fosse preciso esfregar muito. Mas nada disso aconteceu. A cada dia o verde aumentava, aumentava, aumentava. No meio da folhagem, por exemplo, já nem dava mais para percebê-lo. Foi então que Verdi parou e pensou. Pensou até cansar. E descobriu... justamente aquilo que tinha tanto medo de vir a ser tornou-se, a partir daquele momento, a grande descoberta de sua vida.