O dominicano, padre Maldamé, conhecido, pela originalidade de seu pensamento, defendera tese brilhante sobre Cristo e o Cosmos, no início da década de noventa. Ele vem agora a público com um ensaio em que se propõe, diversamente do estudo anterior, a refletir sobre o mundo e, em particular, sobre o ser humano e a posição decisiva que nele ocupa. Em vez de estabelecer primeiro a visão que a ciência tem do mundo, para colocá-la em confronto com a fé, cujas expressões devem levar em conta nossa visão, hoje científica, do mundo, coloca desde o início a visão da fé e procura, mediante um diálogo constante, estabelecer um entendimento entre a perspectiva simbólica de análise do universo, com a qual historicamente a fé sempre comungou, e a perspectiva "mecânica", por assim dizer, que prevalece no universo científico nos tempos modernos.
Entende-se, dessa forma, a divisão da obra em sete partes, começando pela confissão do ressuscitado no centro do mundo, encarado, agora, sob uma nova luz, que não é mais puramente estática, mas evolutiva e até mesmo antrópica, isto é, consistente numa evolução orientada para o ser humano, como coroamento do universo. Longe de todo concordismo, seria essa convergência da fé com visão evolutiva do universo e com o lugar que nele ocupa o ser humano a chave para a compreensão de três dados fundamentais: a ressurreição colocada no centro da salvação, cujas dimensões cósmicas preparam efetivamente um mundo novo.

A precisão com que os autores neste último século, versaram temas conexos e, de certo modo, permitiram sínteses dessa natureza é uma das grandes riquezas da obra, que se constitui assim como leitura obrigatória para todos os que trabalham hoje com cosmologia, antropologia e cristologia.