A obra que tenho a satisfação de prefaciar parte da constatação e da análise da grave crise global que enfrentamos. Tratando-se de uma crise global, na qual estão comprometidos todos os indicadores do sistema, só um fator externo que transcenda o próprio sistema poderá garantir a superação da crise. Este fator é certamente o fator ético. Esta é a tese central da obra, profundamente inspirada na Doutrina Social da Igreja.

O autor estuda as propostas e tentativas de superação da crise e mostra como todas fracassaram, sem conseguir eliminar o desafio maior de nossa cultura, que é o escândalo da excludência. Não estamos apenas diante de um fato sociológico, da existência de pobres, desempregados, vítimas de deficiências ou de conjunturas adversas. Nossa sociedade, com sua profunda assimetria social, de alta concentração de renda e de propriedade, é funcionalmente excludente.

Os que sofrem da pobreza, da indigência e da miséria são socialmente excluídos. A grande ideologia que depositava na luta armada a certeza de eliminar a excludência demonstrou-se ilusória, como se revelou pateticamente na desintegração da gigantesca experiência histórica da União Soviética. A proposta ética, baseada fundamentalmente na tese da dignidade da pessoa humana sem nenhuma discriminação, não se reduz a um apelo de mobilização das reservas morais da nação.

Ela propõe inovadoras linhas concretas de ação explicitadas nos diversos capítulos da obra, tais como a correta utilização dos recursos informáticos, a necessidade da formação adequada dos que pretendem assumir responsabilidades políticas, o critério seletivo das opções tecnológicas que não agravem em vez de resolver sérios problemas sociais, como na questão central do trabalho, tudo situado no amplo horizonte de uma nova organização internacional.