Quebrando o silêncio: a luta das goianienses contra o sexismo, a violência e a opressão

Quebrando o silêncio: a luta das goianienses contra o sexismo, a violência e a opressão

Goiânia, terra de Pedro e de pedra, uma cidade que ganhou forma graças a migrantes e aventureiros, surgiu como um ponto estratégico, conectando o norte e o sul, o litoral e o sertão. Aqui, temos Pedro Ludovico, Attílio Corrêa Lima e Buenos, figuras que ditaram moda e estilo em meio ao urbanismo moderno. No entanto, quando tiramos o véu do desenvolvimento, nos deparamos com algo que muitos não veem: a falta de representatividade feminina nas histórias que contam sobre as ruas e as memórias da cidade.
Este trabalho nasce do espanto e da necessidade de entender esse vazio que existe nas histórias oficiais sobre como essa capital planejada no Cerrado, lá no século XX, foi construída. Surgem dúvidas e incertezas, e elas nos levam a questionar as verdades que costumam ser tidas como absolutas e que moldam o cenário urbano. Nesse contexto, nossa pesquisa, realizada no Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGeo) da Universidade Federal de Goiânia (UFG) sob a orientação do Professor Dr. Eguimar Felício Chaveiro, buscou engrossar as vozes das centenas de geógrafas feministas que batalham para que a questão de gênero seja fundamental na análise do espaço social. É hora de entender que o sexismo é uma ferramenta que o sistema capitalista e a cultura patriarcal usam para controlar e subjugar as mulheres, e é hora de investigar como essas dinâmicas continuam oprimindo.
Nossa investigação parte de dois pontos fundamentais: a relação entre capitalismo e patriarcado, que gera opressão sobre as mulheres, e como os códigos e normas afetam a construção do espaço urbano. Em Goiânia, essa combinação traz estatísticas alarmantes de violência contra as mulheres.
Buscamos aqui desvelar as estratégias que mantêm a desigualdade, a violência e a opressão das mulheres na cidade e na sociedade como um todo. Mostramos as bases que sustentam os códigos e normas que fazem de Goiânia um lugar marcado pelo sexismo. Para que isso fosse possível, contamos com pesquisas, documentos, imagens e também com a visão e as experiências de 188 mulheres que compartilharam suas perspectivas sobre a cidade por meio de questionários online. Tudo isso nos auxiliou a aprofundar nossa compreensão das complexas dinâmicas que moldam o espaço urbano em Goiânia.
Espero que você, ao ler esta cartilha, se junte a nós na construção de um mundo onde as diferenças não sejam sinônimos de desigualdade, mas sinônimo de mais justiça, afeto e equanimidade! Boa leitura.
Márcia Pelá – Educadora, Geógrafa e Presidenta da Associação Cultura Cidade e Arte

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