Pato no Galinheiro

Pato no galinheiro traz ao leitor o debate permanentemente necessário, urgente e incansável sobre racismo. Não se trata, porém, de um guia de estudos, uma nova tese, divulgação científica ou compilação de artigos sobre formas de racismo e luta contra o preconceito. Em sua totalidade, a obra é mesmo de difícil classificação quanto a um gênero textual único e não se amolda a um rótulo catalográfico pronto. Sim. Corajoso, inovador e complexo, é nesse não lugar que Pato no galinheiro deseja, projeta e alicerça o seu lugar de construção e desconstrução de estilos, categorias, gramáticas e discursos.

Às vezes expositivo, objetivo, argumentativo, outras vezes, subjetivo, poético, musical, cada texto no livro convida o leitor a conhecer, primordialmente, as raízes da sua voz cortante e sonora. Pato no galinheiro grasna e cocorica e canta alto, debochado, certeiro, rima (alguns) amores e dores, atento às notas e ao ritmo do compasso de seu real propósito. Engajado e reflexivo, ele imprime sua assinatura ancestral no prefácio, por meio da qual expõe dúvidas, problemas e angústias sobre racismo e preconceito: “O fato é que hoje estabeleço uma relação complexa comigo mesma. Não consigo mais dizer que não é complicado. Por que será que tudo isso, que sempre foi desse jeito, de repente dói tanto? Ainda não consigo entender se tem a ver com a forma como venho sendo tratada, ou se vem da minha decepção com você. Não tenho mais para onde ir. Percorri todas as portas, portões e janelas pedindo ajuda. É a minha última cartada. Veja se me escuta. Pelo menos desta vez. Talvez seja realmente a última.” E assim faz com que seu leitor-ouvinte já se sinta à vontade para ler (e ouvir) suas confidências.

Produção visual cuidadosamente pensada e realizada em sintonia com a produção escrita, Pato no galinheiro equilibra prosa e verso para leitores diversos, experientes ou desavisados. Todos são convidados a “degustar”ingredientes verbais e não verbais harmoniosa e artisticamente combinados para que estes, ao estimularem saudável absorção do seu conteúdo temático, também promovam efetiva desintoxicação quanto a seus incômodos. Símbolos, personificações, entidades, reproduções, conceitos, exemplos, cenas, alegorias ou vivências acionados na obra evidenciam experiências do nosso cotidiano, nas relações familiares, sociais e profissionais, e revelam sua força visceral. Com todos esses elementos/nutrientes, Pato no galinheiro situa, na dinâmica do mundo corporativo – para destacar, por ora, apenas um dos casos –, a raiz do conflito nesse ambiente, decompondo, examinando e avaliando causas e consequências na rotina de gestores e respectivas equipes.

Mais sobre este produto