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A Religião de Carl Schmitt
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A Religião de Carl Schmitt
Por muito tempo os intérpretes seculares da filosofia de Carl Schmitt tentaram, propositalmente, ignorar a verve católica que sempre alicerçou os diversos escritos desse pensador. Sem dúvida, esses intérpretes tiveram algum sucesso. Mas o êxito relativo dessa dissimulação retórica trouxe consigo um ônus: ensejou uma pletora de interpretações subjetivistas mutuamente excludentes e contraditórias entre si. Cada intérprete passou a ter seu próprio Schmitt, redesenhado como um fantasma filosófico cuja imagem refletia apenas o projeto político do próprio intérprete.
O livro que o leitor tem agora em mãos tem a louvável virtude de reposicionar a obra de Schmitt em meio à tradição do pensamento político cristãocatólico e, assim, «dar a César o que é de César». Alexandre Marques nos ensina que o pensador cristão, como é o caso de Schmitt, não é um ideólogo do cristianismo, nem um pregador em praça pública, como supõem os intelectuais do século; ele é um tradutor público da linguagem do dogma e fala a língua opiniática dos intelectuais do século para se fazer entender. Assim, desde o surgimento da opinião pública, no século XVIII, a linguagem do pensamento político católico tornou-se uma reencenação do dogma a partir de uma ocasião política propícia. E para compreender esses diversos gestos de reencenação da verdade revelada, nós, os intérpretes dessa tradição, devemos apreender as sutilezas do gesto retórico dos autores cristãos. Somente aqueles que conhecem o dogma e reconhecem a autoridade eclesiástica podem perceber a delicadeza desse pensamento. Marques, assim, nos explica que o discurso político cristão só é audível para aqueles que têm ouvidos para ouvir; para os moucos, ele é apenas uma «opinião» ou «valor». O pensador cristão é, portanto, um semeador que aprende a falar a língua de seus interlocutores sem tentar impor sobre eles as regras de sua própria língua.
Cleber Ranieri Ribas de Almeida
Professor do departamento de Ciência Política da UFPI