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Criminologia baseada em (quase) evidências - e muitas intuições

Pensei em chamar este livreto de “criminologia baseado em evidências”, o que daria um apelo mercadológico bem maior, já que é o conceito do momento. Mas optei por “criminologia baseada em (quase) evidências e muitas intuições, pois acho que ele reflete melhor o espírito dos artigos e o estágio em que se encontra a maioria das pesquisas criminológicas no Brasil – inclusive as minhas, mesmo depois de décadas atuando na área. Pensei também em “As desventuras de um criminólogo no país das quase-evidências” mas conclui que já seria muito deboche.

Chamar de “evidências” seria induzir o leitor a erro. Quase-evidências, por outro lado, são como os estudos quase-experimentais: o que existe é um esforço para se adaptar ao padrão ouro, na impossibilidade real de fazê-lo.
O que se convencionou chamar de “evidence based” exige desenhos de pesquisa mais elaborados, grupos de controle, aleatorização, métodos estatísticos sofisticados, rigor metodológico robusto, submissão aos pares. O que o leitor encontrará aqui – e na maior parte da literatura criminológica brasileira - são antes estudos descritivos e “correlacionais”, que ganhariam no máximo um nível 2 na escala de cientificidade de Maryland!

Em todos estes anos de pesquisa, foram raras as oportunidades de fazer ou participar de estudos cientificamente robustos. Não é que não saibamos fazer pesquisa no Brasil. O problema é que este tipo de pesquisa é pouco valorizado por aqui: não há visão de largo prazo, nem recursos financeiros públicos nem privados, nem planejamento antecipado da pesquisa, nem disponibilidade de dados, nem equipes razoavelmente coesas e duradouras, etc. etc. Sem isso fica difícil produzir pesquisa de qualidade.

Assim, o que nos resta na criminologia do sul, são os estudos descritivos, exploratórios, as conjecturas jamais testadas, os aprofundamentos nunca realizados, os ensaios literários, as etnografias e os tais estudos baseados em poucas evidências e muitas intuições e elocubrações. Adequado a um país onde ninguém é criminólogo de formação, mas apenas “quase-criminólogos”, uma vez que inexistem cursos superiores na área. E as poucas disciplinas assim chamadas são de tradição jurídica não empírica.

A maioria dos textos deste volume foram escritos para minha coluna de artigos da Fundação Espaço Democrático ou minha coluna no “Fonte Segura” do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Outros foram resumos de apresentações realizadas aqui e acolá nos últimos meses, em seminários na ONU, CAF, IPEA, Ministério da Justiça e diversos outros. Alguns poucos foram subprodutos de pesquisas coletivas das quais participei. São antes textos jornalísticos bem informados do que papers acadêmicos. São quase ciência, semi-avaliações, aproximações.

Publico-os, pois, por incrível de pareça, no debate público sobre segurança no Brasil, nem sequer a quase ciência predomina, mas antes as opiniões, as certezas e as convicções ideológicas. Um país de sabichões não precisa de pesquisadores ou evidências ou ciência. Publico-os na esperança de que talvez inspirem outros pesquisadores. De que alguém leve o bastão adiante e procure aprofundar estas intuições bem informadas!

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