O Ingaí: Crônicas

Se tivéssemos a oportunidade de contemplar uma maquete da geografia da região conhecida como Ingaí, ou então, de Santana de Parnaíba como um todo, rapidamente compreenderíamos que o relevo paulista daquele local está longe de ser uniforme para converter-se em um variado complexo de planaltos que abraçam os arredores da capital São Paulo.
Partindo quase que de um eixo colocado no próprio centrinho antigo, toda região antigamente considerada provincial é especialmente montanhosa e verde de matas atlânticas, com algumas falhas naturais ou feitas recentemente (de uns trinta anos pra cá) para o pastoril.
A ampla variedade de paisagens devida sua privilegiada situação geográfica, seu extenso território com vales cobertos de vegetação serrada também, alteram com ribeiras e paramos, ou pontos celestes culminantes que tragam todas casas isoladas à sombria mata fechada que ali permanece por milênios.
O reinado mameluco de Santana de Parnaíba, dos fantasmas de bandeirantes e indígenas da época colonial (o local é fundado em 1580) que compõem as lendas da região, as marcas de correntes de escravos que em outrora ali permaneceram, terra de Bartolomeu Bueno, o Anhanguera, de Domingos Joge Velho, de caboclos que contrastam com o moderno, jegues acompanhantes de pic-ups dos velhos coronéis.
Enfim, o Ingaí é um dos últimos recantos do Brasil onde ainda podemos saborear resquícios de um passado que permanece em lendas e nos rostos amorenados dos nativos que transcendem um legado imigrante de vários cantos do globo.
Terra de sacis, chupa cabras, do Quinzinho fofoca, de Seu Amâncio; o eremita, de valentes que com suas garruchas juram terem enfrentado o capeta em forma humana ou bizarra. O vale de aventuras e de minha infância.

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