Ela acabou de chegar da República Dominicana com malas cheias de maracas, mantilhas, vestidos, turbantes coloridos e temperos exóticos. O batom é vermelho-vivo e o guarda-roupa lembra um jardim em pleno verão. Por onde tia Lola passa, passam cores, todas elas, alegria e bom - humor.
Mas assim, de repente, no saguão do aeroporto, o impacto em Miguel e Juanita foi enorme. Até que entendessem e amassem aquela figura tão diferente de tudo que já tinham visto na vida, demoraria bastante.
Há quatro semanas, eles se mudaram de Nova York para uma casa de fazenda. Pais divorciados, casa nova, novos vizinhos. Pensando bem, a visita de Tia Lola poderia funcionar como uma bela rasteira no tédio.
Justiça seja feita, a tia sabia contar ótimas histórias. Nenhuma parecia muito verdadeira, mas isso era o que menos importava. Ela encheu a casa de música, borrifou Agua de Florida em todos os cômodos para dar sorte, colocou a família para dançar merengue, sapatear e tocar castanholas.
Se tia Lola tornou as crianças ainda mais diferentes dos colegas americanos, também ensinou a elas como é importante perceber e respeitar a sensibilidade e a emoção das pessoas.