Um mestre da literatura tcheca, cuja grandiosidade é comparada a Kafka, Josef Skvorecky e Milan Kundera, Ivan Klíma ficou mais de 20 anos impedido de escrever em seu país. Autor de Amor e lixo, também editado no Brasil pela Record, Klíma privilegia em seus romances um tom intimista. Em NEM SANTOS NEM ANJOS, ao desconstruir emoções e apresentar embates de uma família o autor promove um acerto de contas com a história. NEM SANTOS NEM ANJOS atravessa três gerações desde a Segunda Guerra, relembra a era comunista e retrata a República Tcheca atual a partir das experiências e incertezas de Krist?na Pilna, uma dentista divorciada de 45 anos, nascida no dia da morte de Stalin, que ?sempre quis viver uma vida diferente da que vivo?. Às voltas com Jana, a filha adolescente envolvida com drogas e uma banda de rock, a tragédia das mortes da avó e da tia, Krist?na descobre o legado vergonhoso do pai, um burocrata do partido comunista, registrado em diários e documentos que começa a ler avidamente. Solitária e assombrada pelas infidelidades do seu casamento com um historiador que enfrenta uma doença terminal, ela inicia um caso com Jan Mysak, um rapaz 15 anos mais novo que foi aluno de seu ex-marido. Enquanto tenta usar o novo romance e as freqüentes taças de vinho para superar suas frustrações, Krist?na mostra-se inábil para lidar com tantas pressões psicológicas. Jan é muito jovem, Krist?na é muito velha, e Jana mergulha em programas de recuperação para usuários de heroína. Boa parte da trama é narrada pela perspectiva da protagonista, mas o autor também muda o foco da narrativa para o ponto de vista de Jan ou Jana, abordando incidentes comuns por meio do olhar de gerações distintas. Explora conflitos e feridas, mas não aponta saídas fáceis. As verdades sobre o passado paterno e o presente de sua filha, motivos de culpa, levam ao autoconhecimento expresso nas lições do psicoterapeuta responsável pelo tratamento de Jana: ?Nós não temos o direito de ser impacientes. Não somos nem santos nem anjos?.