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A opção pela espada: Angola - Rhodesia - Moçambique

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A opção pela espada: Angola - Rhodesia - Moçambique

No início da década de setenta tínhamos duas opções políticas claras e
em oposição. Escolhi a que melhor representava o modo de vida que
herdei de meus antepassados, que ajudaram com a liberdade da
democracia, a construir uma Civilização que dava oportunidade para
todos em função de sua capacidade de trabalho e não o nivelamento
forçado do desejável mas utópico Socialismo. Esta Civilização tinha
um inimigo em pleno ataque, por que esperar que ele viesse à nossa
casa, ao nosso País?
Por que não combatê-lo onde quer que estivesse? Com a força de
minha juventude, optei pela luta, optei pela espada...
O nosso planeta estava em plena guerra fria, eufemismo para designar
o confronto quente, sangrento entre EUA e URSS, hipocritamente
terceirizado e espalhado em dezenas de pequenas guerras
aparentemente locais e vivíamos o paradoxo de assistir os EUA
enfrentar e imiscuir-se em assuntos internos de aliados. O utopismo,
optimismo ingênuo, desconhecimento histórico dos outros povos,
faziam com que a administração Kennedy tropeçasse a cada passo
dado em nome da autodeterminação dos povos, baseados em um
conceito anticolonialista paternal e inconsequente, esquecidos que os
EUA eram fruto da dominação colonial. Em busca do apoio africano
na guerra fria, a nação mais poderosa da terra resolveu medir forças
com países aliados, anticomunistas, mas que ainda mantinham suas
colônias em África. Financiou e instigou o terrorismo bárbaro contra o
colono branco, principalmente em Angola, colônia portuguesa onde,
ao modelo das outras possessões lusas, vivia-se em paz e em
progresso lento mas contínuo, sem a rapina que caracterizava outras
nações colonialistas.
O português, desde sempre com as costas voltadas para Europa, quase
jogado ao mar pelo onipresente e único vizinho, Espanha, sentia-se
mais africano que europeu em seu viver aventureiro, que o levou a
construir um Império que chegava até a China. Salazar, um regente
orgulhoso e com profunda noção histórica de Portugal no mundo,
reagiu em força quando confrontado com os massacres da UPA de
Holden Roberto no norte de Angola, recuperando o território em
alguns meses, num notável feito de armas, dada a distância dos
eventos e os poucos recursos com que contava. Em África, Ocidente e
a Cortina de Ferro se defrontavam, com visível vitória da URSS,
muitas vezes facilitada pela intervenção equivocada de Kennedy. E a
guerra colonial portuguesa prolongou-se em três frentes, Guiné,
Angola e Moçambique. Eram os valores ocidentais em jogo e foi neste
palco de guerra que mergulhei sem pensar nas incongruências
políticas, mas disposto unicamente a lutar o verdadeiro combate,
destruir o inimigo onde estivesse e ocupar o terreno. Defender minha
pátria, Brasil, em África! Aos 23 anos de idade era piloto militar e
paraquedista, mas teria que aprender a lutar com os pés no chão, na
Infantaria, se quisesse sobreviver... Lancei-me ao desafio e os anos
que se seguiram suplantaram até os meus mais audaciosos sonhos.
Da Força Aérea Brasileira a infante na Legião Estrangeira Francesa;
de instrutor de Educação Física a chefe de Milícias na guerra colonial
em Moçambique; de piloto de observação a comandante de um Grupo
Blindado na guerra civil em Angola; de guerrilheiro a instrutor de
comandos na Rhodesia; de agente de informações na Espanha a
“escritor reacionário” em Portugal...
Escapando de ciladas, perseguido como marginal perigoso me tornei
novamente legionário, desta feita na ilha de Fuerteventura, nas costas
do Sahara Espanhol. Era ciclo que se fechava, em oito anos de lutas,
em dois continentes, em oito países, sob sete bandeiras.

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