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Shopping Center: a Catedral das Mercadorias

Templo' do consumo, símbolo de 'progresso', o shopping center, mais que um espaço para compras, tem se tornado um local de lazer e uma miragem, um desejo de participar de um mundo de sonhos vendidos pela publicidade. Local que exclui dele aqueles que não podem consumir - ampla maioria em um país como o Brasil - e que também exclui, na sua lógica privada, a cidadania, o espaço público, a cidade e sua história.O shopping não é apenas uma construção física, mas também uma prisão social ainda pouco estudada de forma crítica pela sociologia e pelo urbanismo. Shopping center, de Valquíria Padilha, novo lançamento da coleção Mundo do Trabalho, vem preencher essa lacuna com uma análise profunda e fundamentada das suas origens, efeitos e ideologia. Junto com O nome da marca: McDonald's, fetichismo e cultura descartável, de Isleide Fontenelle, forma um par de estudos fundamentais para a compreensão dos artifícios do capitalismo contemporâneo.Para entender o fascínio que o shopping center provoca, Padilha discute a relação entre trabalho, lazer e 'tempo livre' no capitalismo, e como o shopping 'captura' esse tempo e essa atenção, reduzindo a relevância das pessoas a uma única dimensão de existência: comprar.Das suas origens nas lojas de departamento europeias e sua rápida proliferação pelos Estados Unidos do pós-guerra, a autora explica os interesses do capital que levaram à construção dos shopping centers, chamados pelos norte-americanos shopping malls, e como eles redefiniram a orientação urbana nas cidades, esvaziando os centros, valorizando o automóvel e os subúrbios isolados. Ela também investiga como essa 'novidade' chegou ao Brasil e quais as suas características peculiares em um país tão desigual: a extrema valorização da segurança que mascara o desejo de segregação social, e as formas subjetivas e objetivas de manter a população pobre fora dele. Outros aspectos que o livro aborda são o papel da publicidade em gerar a angústia que move o consumismo, os gostos como sinais de diferenciação entre as classes sociais e as relações humanas mediadas por mercadorias no reino do 'ter' que é o shopping center. Padilha mostra como por trás do discurso de 'qualidade de vida' está apenas a busca de lucros por meio do esvaziamento da cidade real, para uma crescente concentração de negócios, serviços e ocupação do tempo das pessoas pelo shopping center.

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