Livro - Imperio Contra-Ataca, O

Em 1992 a campanha republicana para reeleger o primeiro George Bush (o pai) foi arrebatada pelos conservadores teocráticos, para os quais se criou o neologismo theocons - fundamentalistas como os reverendos Pat Robertson, criador da Coalizão Cristã, e Jerry Falwell, da Maioria Moral. Eles estreitaram o apelo do partido, mudaram-lhe o rumo e levaram-no à derrota em duas eleições presidenciais (Bush I e Bob Dole). Um ano antes o velho Bush tinha sustado, sob a influência do secretário de Estado James Baker e do chefe do Estado Maior Conjunto, general Colin Powell, o plano da liderança civil do Pentágono, Dick Cheney à frente, de marchar para Bagdá e depor Saddam Hussein, em seguida à vitória na guerra e à expulsão dos iraquianos do Kuwait. Cheney e sua equipe (na qual a formulação intelectual cabia a Paul Wolfowitz), ainda sem o rótulo de neocons (neoconservadores), não se conformaram. O projeto deles era ainda mais presunçoso; aproveitar o quadro internacional, favorecido pelo fim da URSS, e impor sua própria receita para substituir a estratégia da Guerra Fria, que prevalecera quase cinco décadas. Documento então redigido pelos neocons no Pentágono (uma DPG, Orientação de Política de Defesa) vazou à imprensa e escandalizou o país e aliados tradicionais dos EUA. ''É uma Pax Americana'', denunciaram vozes equilibradas da política externa. Bush I enquadrou-os de novo - Cheney, Wolfowitz, Douglas Feith, Lewis Libby, Richard Perle e o resto tiveram de refazer a DPG. Nos anos seguintes, mesmo fora do poder, o grupo continuou unido e atuante nos templos intelectuais da direita (American Enterprise Institute, Heritage Foundation) e em organizações que criava, como o Projeto do Novo Século Americano. Insistiu no conteúdo original da DPG - uma única superpotência no mundo, com direito à ação unilateral, guerra preventiva e uso da força, até contra aliado que se atrevesse a pensar em mais poderio militar. Este livro relata a chegada de neocons e theocons ao poder com George W. Bush em 2000, graças à Flórida, e como manipularam o trauma do 11/9 para reviver sua idéia de uma Pax Americana - tornada oficial em nova NSS (Estratégia de Segurança Nacional). Inclui os antecedentes, entre eles o papel dos theocons na conspiração da direita para remover Clinton (por um caso de sexo), e os negócios da família Bush. E expõe o novo nivel da arrogância imperial, tanto nas guerras externas que horrorizam o mundo, do Afeganistão ao Iraque, como na interna contra as liberdades civis.