Uma série de "estranhos acontecimentos" inspirou a escritora australiana Maggie Hamilton a escrever O Que os Homens Não Revelam Mas Você Precisa Saber, publicado no Brasil pela Editora Globo. De repente, uma onda de separações se abateu sobre casais de amigos íntimos da autora. Maggie percebeu, então, um fato recorrente: após a dissolução dos relacionamentos, todos de longo prazo, os homens contavam com menos apoio emocional do que as ex-parceiras e tinham mais dificuldade em lidar com o rompimento.

Na mesma época, a escritora assistiu ao filme As Horas, baseado no romance de Michael Cunningham. E ficou intrigada. Todas as suas amigas o classificaram como "filme de mulher", embora a fita também mostrasse personagens masculinos de grande complexidade psicológica. Maggie concluiu: para as mulheres modernas, a dor emocional e espiritual parece ser monopólio do sexo feminino. Elas se esqueceram de que homem também sofre - e talvez sofra muito mais, já que costuma suportar calado o sofrimento.

Mas de onde vem essa incapacidade de se expressar? Como se explica a já folclórica aversão masculina a conversar sobre questões íntimas? Afinal: por que homem "não fala"?

Algumas respostas inéditas são fornecidas em O Que os Homens Não Revelam Mas Você Precisa Saber. A fim de desvendar esses segredos, Maggie Hamilton foi à luta, entrevistando mais de cem homens e garotos, dos mais diversificados perfis: de industriais bem-estabelecidos a pessoas à beira da marginalidade. Os depoimentos mais significativos, cruzados com dados de recentes pesquisas demográficas e comportamentais, foram organizados numa narrativa que segue o ciclo de vida masculino: os capítulos iniciais tratam de meninos, avançando cronologicamente pela vida adulta até as partes finais, dedicadas a questões como velhice, aposentadoria, viuvez.

A autora faz constatações importantes. Como, por exemplo, a de que os estereótipos incutidos desde a infância ("homem não chora", "não seja frouxo") têm influência decisiva sobre a reclusão emocional e o sentimento de solidão experimentados na vida adulta. Outra descoberta curiosa é que, no fundo, o que os homens esperam de um relacionamento não é muito diferente das expectativas das mulheres - amor, lealdade, apoio, confiança, amizade.

Os fatos e relatos compilados por Maggie Hamilton põem ao chão os estereótipos a respeito do "sexo forte". Conforme a leitura avança, emerge das páginas uma nova figura masculina: um homem muito mais real, vulnerável e indefeso do que gostaria de ser, mas também muito mais aberto ao diálogo com as mulheres e mais receptivo a assumir um novo papel na sociedade, como trabalhadores, companheiros, pais, irmãos, filhos.