Livro - Meu Pequeno Lobisomem

Gil bem que tentou ensinar alguns truques à sua cadela, Coiote. Ele queria o prêmio especial da Semana dos Bichos, um acontecimento supertradicional da Escola do Terror. Mas Coiote era uma vira-lata preguiçosa, que parecia ter outros planos. Na escola todos estavam agitados. Até mesmo depois das aulas, no campo de futebol, onde Gil e Túlio treinavam passes, jogando a bola um para o outro, o assunto era o mesmo. Conseguir um bicho exótico, capaz de gracinhas e atitudes mirabolantes para ser o grande astro da semana que estava por vir. Enquanto isso não acontecia, bom era aproveitar o tempo assistindo a filmes de terror, levando Coiote para passear, comendo pizza e curtindo os dias livres, sem escola e dever de casa para fazer. Aborrecimentos mesmo só com seu irmão caçula, Marquinho, que insistia em atrapalhar, com brincadeiras que ele detestava. E justamente aí começava o problema. Marquinho tinha nascido com orelhas desproporcionais, cabelos cor de rato, pés e mãos absolutamente estranhos. Os pais, era óbvio, recusavam-se a encarar o fato de que aquela criança não se encaixava nos padrões habituais de um bebê normal. Permaneciam em silêncio ou desconversavam. E tudo parecia estar piorando à medida que Marquinho crescia. Os hábitos dele eram cada vez mais esquisitos. "Na verdade, às vezes fico até pensando se ele é humano", suspirava Gil pelos cantos da casa. A hora da verdade estava próxima. E chegaria cercada de mistério, uivos sobrenaturais e revelações assustadoras que mudariam para sempre os rumos da história de Gil naquela família. No meio de tanta confusão, uma recompensa, se é que pode ser chamada assim, sinistra. Ele ainda não sabia, mas estava muito mais perto de ganhar o prêmio da semana dos bichos do que poderia imaginar.