Diariamente, Théo, o novo aluno da Escola do Terror, subia na velha bicicleta e entregava jornais. Um dia usaria parte do dinheiro para comprar um modelo mais moderno e veloz. Precisava arranjar novos fregueses. Até que chegou em casa e viu aquele envelope! Dentro havia uma folha de papel, com palavras escritas à máquina, dinheiro vivo e recomendações para não chegar antes, não entregar atrasado, não demorar. O endereço? Estrada das Sete Cruzes, casa de B. Frankel. Comentavam que o tal Sr. Frankel era um assassino cruel que trucidava as vítimas a machadadas. Podia ser verdade. Mas também podia não ser. De qualquer forma, ele precisava ir até lá. Não tinha jeito. A casa parecia mal-assombrada, com degraus rachados e janelas cobertas por cortinas desbotadas. Ele conseguiu jogar o jornal bem perto da porta da frente. Depois pulou na bicicleta e pedalou o mais rápido que podia. Os alunos da Escola do Terror preparavam-se para eleger os presidentes de turma. Théo, entretanto, continuou a trabalhar. No dia seguinte, voltou a estrada das Sete Cruzes disposto a enfrentar qualquer tipo de perigo. Não tinha medo de fantasmas. Não acreditava sequer que eles existissem. Aquilo não passava de uma brincadeira. Quem estaria por trás de tudo? Quem seria capaz? Algum inimigo da escola, certamente. Mas quem? De repente, ao erguer os olhos, Théo percebeu que estava sendo perseguido pelo tal fantasma sem cabeça. Assustador, parecia flutuar acima do chão. As baforadas eram gélidas. A voz, de outro mundo. Théo não quis olhar. Só correr. E muito. Foi então que o fantasma abriu a própria mochila, tirou de dentro uma cabeça e a encaixou sobre o pescoço e os ombros. Pensou o quanto gostava da companhia dos humanos. Começou então a flutuar de volta para casa. Aquele vulto tinha algo de muito, muito familiar. Quem visse teria certeza. Mas enquanto ninguém descobrisse a verdade.....