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Livro - Caminho de Guermantes, O
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A editora Globo acaba de republicar O Caminho de Guermantes, volume 3 de Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust, um dos maiores clássicos da literatura universal. A presente tradução também se tornou um clássico: trata-se da versão feita pelo poeta Mário Quintana para a antiga Globo de Porto Alegre, agora revista pela profa. Olgária Matos. A edição conta ainda com prefácio, notas e resumo de Guilherme Ignácio da Silva, e com posfácio de Philippe Willemart.
O Caminho de Guermantes marca uma inflexão no caminho existencial do herói de Proust. No primeiro volume de Em busca do tempo perdido (No caminho de Swann) havia a imagem concreta de dois caminhos que se ofereciam ao caminhante na cidadezinha de Combray: o da propriedade de Charles Swann e outro, mais longo, o da propriedade dos Guermantes. Ele escolhe o primeiro, e adentra o mundo do refinado colecionador de arte, Swann, sua vida mundana, sua paixão e ciúme pela cortesã de luxo, Odette de Crécy, sua influência nas leituras e interesses artÃsticos do herói. Neste O caminho de Guermantes, a narração começa com uma mudança de endereço em Paris, que coincide com uma aproximação espacial do palácio urbano dos Guermantes, um dos grandes anseios adiados do herói. Ele que, antes de aprender a falar, já ouvia uma velha canção evocando o nome dos Guermantes, atravessa um longo perÃodo de vida, uma larga sucessão de escolhas e uma grande cadeia de associações imagéticas até chegar a esse novo lugar e poder, enfim, acompanhar os movimentos do duque e da duquesa de Guermantes no dia-a-dia, preparando o contato direto com o grand monde (o "grande mundo") que freqüenta seu salão.
Proust é uma das estrelas mais brilhantes de uma constelação em que lhe fazem companhia Flaubert, Joyce e Kafka. Flaubert é o homem do le mot juste, da palavra exata, e prova maior são seus Três Contos, cuja grandeza estilÃstica é inversamente proporcional ao pequeno número de páginas. Joyce, principalmente no Finnegans wake, foi um onomaturgo, para usar o termo platônico, um "criador de nomes", um renomeador, ou seja, um criador de linguagem. Kafka foi um fabulista - isto é, um moralista - que adotava o estilo do realismo, assim transcendendo o realismo, ao mesmo tempo em que dava ao mundo real uma irrealidade de fábula. Proust expandiu até o limite as possibilidades prismáticas do parágrafo, ao mesmo tempo em que criava, assim, um poderoso instrumento de investigação psicológica, só comparável ao fluxo de consciência de Joyce e às pesquisas de Freud.
O Caminho de Guermantes marca uma inflexão no caminho existencial do herói de Proust. No primeiro volume de Em busca do tempo perdido (No caminho de Swann) havia a imagem concreta de dois caminhos que se ofereciam ao caminhante na cidadezinha de Combray: o da propriedade de Charles Swann e outro, mais longo, o da propriedade dos Guermantes. Ele escolhe o primeiro, e adentra o mundo do refinado colecionador de arte, Swann, sua vida mundana, sua paixão e ciúme pela cortesã de luxo, Odette de Crécy, sua influência nas leituras e interesses artÃsticos do herói. Neste O caminho de Guermantes, a narração começa com uma mudança de endereço em Paris, que coincide com uma aproximação espacial do palácio urbano dos Guermantes, um dos grandes anseios adiados do herói. Ele que, antes de aprender a falar, já ouvia uma velha canção evocando o nome dos Guermantes, atravessa um longo perÃodo de vida, uma larga sucessão de escolhas e uma grande cadeia de associações imagéticas até chegar a esse novo lugar e poder, enfim, acompanhar os movimentos do duque e da duquesa de Guermantes no dia-a-dia, preparando o contato direto com o grand monde (o "grande mundo") que freqüenta seu salão.
Proust é uma das estrelas mais brilhantes de uma constelação em que lhe fazem companhia Flaubert, Joyce e Kafka. Flaubert é o homem do le mot juste, da palavra exata, e prova maior são seus Três Contos, cuja grandeza estilÃstica é inversamente proporcional ao pequeno número de páginas. Joyce, principalmente no Finnegans wake, foi um onomaturgo, para usar o termo platônico, um "criador de nomes", um renomeador, ou seja, um criador de linguagem. Kafka foi um fabulista - isto é, um moralista - que adotava o estilo do realismo, assim transcendendo o realismo, ao mesmo tempo em que dava ao mundo real uma irrealidade de fábula. Proust expandiu até o limite as possibilidades prismáticas do parágrafo, ao mesmo tempo em que criava, assim, um poderoso instrumento de investigação psicológica, só comparável ao fluxo de consciência de Joyce e às pesquisas de Freud.
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