O nascimento de uma criança representa, segundo Rabindranath Tagore, um sinal inequívoco de que Deus não perdeu a confiança nos homens. Um ser tão frágil e indefeso quanto o recém-nascido só pode sobreviver com a proteção do homem. Este direito de ser protegido pelo adulto é inerente a outro direito: o direito da criança à vida. O direito da criança à proteção exige do adulto forte dose de responsabilidade... e de sacrifício. Não existe direito humano ilimitado. Todos os direitos limitam-se uns aos outros.

O direito da criança à proteção exige do adulto a limitação de alguns de seus direitos: especialmente do direito à liberdade de ação, à vida independente, a dispor livremente do fruto de seu trabalho. A escritora Françoise Sagan, quando ao escândalo de seus livros acrescentava-se o de sua desenvoltura amoral, não pôde deixar de reconhecer suas próprias responsabilidades quando nasceu seu filho Denis.

"Certamente vou ser mais razoável, declarou ela a um jornalista não tornarei a frear o carro de repente. Meu Jaguar só tem dois mil quilômetros. É quase novo, mas acho que vou guardá-lo. Há várias coisas que não posso mais me permitir. Por exemplo, acabou-se meu esbanjamento. Antes não tinha nem talão de cheques, agora terei de guardar o dinheiro ganho, para o fazer como se diz?

Fascinadas e indefesas, as crianças naturalmente dispõem-se a acolher o que lhes é oferecido, trate-se de coisas boas ou más. Como cera branda, na qual a mais leve pressão deixa vestígio, o ânimo infantil expõe-se a todo estímulo que lhe solicite a fantasia, o afeto ou o instinto. Por outro lado, impressões desta idade são as que mais profundamente penetram no psiquismo do ser humano. condicionando-lhe de modo duradouro os subsequentes relacionamentos consigo, com seus semelhantes e com o ambiente.

Precisamente por intuir como é delicada esta primeira fase da vida, a sabedoria popular formulou a conhecida máxima pedagógica. Segundo a qual à criança é devida a máxima reverência: sob esta mesma luz torna-se evidente, com toda a sua severidade, a advertência de Cristo: "Caso alguém escandalize um destes pequeninos, melhor será que lhe pendurem ao pescoço uma pesada mó e seja precipitado nas profundezas do mar- (Mt 18,6).