Segundo Enio Squeff, neste livro, o autor Moacyr Godoy Moreira inflecte para todos os lados. Como cronista, comenta sobre a Academia Brasileira de Letras, sobre a educação infantil, mas não deixa de falar sobre futebol, sobre mulheres, sobre o amor e sobre problemas atinentes a área da saúde - as vicissitudes da rede hospitalar numa cidade como São Paulo, as questões da saúde pública, a pobreza do Brasil. Em suma, o cronista, justamente por sê-lo, 'joga nas onze' como diria um futebolista de várzea. E é então que este livro de crônica remete o leitor a seus muitos antecessores, como Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino e Ruben Braga. Por isso mesmo, aliás, muitas das questões são não apenas atuais, mas altamente discutíveis - que, essa, afinal, é a grande função da crônica - discutir tudo para que tudo tenha a sua dimensão, inclusive na contradição. Que era, a propósito, como queriam, e ainda querem, os cronistas neste sentido amplo - da fazerem não só memória, ou história, mas sonho, poesia, crítica. E também ficção, embora seja crônica.