Traz o relato do viajante Jacques Arago sobre os costumes alimentícios de diversos povos "exóticos" no século XIX, como os hotentotes, os cafres (dois grupos étnicos africanos), os patagônios, os gaúchos, os chineses e os papuas, entre outros. O autor não se restringe a falar das comidas, comentando a forma de adquirir e preparar os alimentos. É um texto fluente, instrutivo e divertido.

"O leitor não deve esperar encontrar propriamente um livro de culinária", escreve no prefácio Henrique Carneiro, do Departamento de História da USP. "Escrita na primeira metade d´século XIX, esta obra se insere na longa tradição dos livros de viajantes que descrevem, mais do que os verdadeiros hábitos, o seu olhar sobre eles. É como uma cosmografia, portanto, vocação de detalhar todas as características e aspectos de novas terras, que esta narrativa se dedica a perseguir, pelo fio de continuidade das formas de se alimentar, um conjunto de mitos étnicos-morais."

Os hábitos alimentares são encarados - sem qualquer isenção de preconceitos e estereótipos - por um europeu moralista, fazendo com que a obra funcione também como o retrato de uma sociedade europeia com dificuldades em entender a questão do "outro" - principalmente quando ele come serpentes ou formigas.

Jantares em diferentes países faz parte da coleção Baú de Histórias, coordenada pela historiadora Mary Del Priore, que convida o leitor à exploração de temas e autores que raramente estão à disposição.