Fotógrafa, Luzia Lacerda desenvolveu ao longo do tempo um olhar sensível sobre a realidade dos grandes centros. Vivendo há mais de 20 anos em São Paulo aprendeu a desmitificar a realidade desconfortável que nos cerca e que muitas vezes negamos por medo e perplexidade.
Foi! Não Foi! Foi., seu livro de estréia, é um relato sobre a solidariedade e a esperança que traz à tona, por meio de seus personagens principais, temas como a pobreza, solidariedade e compromisso social. O livro mostra a história da amizade entre Júlia, uma menina de classe média, e Deusinho, um moleque que vive nas ruas de São Paulo. Amizade que começa numa travessia feita de abismos, mistérios, surpresas, ousadias e descobertas, mostrando os caminhos subterrâneos de São Paulo. De forma simples, inteligente e extremamente sensível, Luzia Lacerda constrói os fortes laços de amizade entre as crianças, despertando no leitor valores importantes que às vezes acabam sendo deixados de lado principalmente pelos pais, que ao lado dos educadores, são os maiores responsáveis pela formação de indivíduos com pensamento crítico e responsabilidade social. Participando ativamente de projetos como o Travessia, que juntou pioneiramente empregados e empregadores de sindicatos e empresas privadas, visando atender crianças e adolescentes que vivem nas ruas do centro de São Paulo, Luzia procura mostrar com a história de Júlia e Deusinho que não existem crianças de rua e sim crianças na rua. ?Crianças saem de certas casas porque a vida nas calçadas, apesar de tudo, é muito melhor que em lares inexistentes.?, explica a autora.
Foi! Não Foi! Foi. desperta o leitor para o sonho possível de uma sociedade mais justa e mostra que toda solução passa necessariamente pelo sonho. ?O primeiro passo em direção a uma atitude participativa é superar um medo enorme e paralisante: o medo de olhar?, diz a fotógrafa, com todo seu conhecimento de causa. "Júlia, uma garota curiosa e corajosa, correu o risco, resistiu aos primeiros choques, venceu a própria perplexidade e enfrentou o medo do desconhecido", conta. Aos leitores, resta o convite a essa viagem irresistível e sem volta.