Zeca Camargo usa sua experiência em televisão para apresentar um texto coloquial e divertido. Amante e profundo conhecedor do pop, faz do livro um delicioso mergulho nesse universo, trazendo situações do cotidiano dos artistas que normalmente ficam distantes da relação com os fãs. Os ídolos ganham perspectiva e colorido novo quando o leitor tem a oportunidade de vê-los do ponto de vista do entrevistador. Em De A-Ha a U2 os maiores nomes da música aparecem em ordem alfabética, como verbetes, e a viva descrição dos contatos e entrevistas ajudam a desvendar a personalidade de cada um. Os personagens vão de Madonna e seu esquema profissional de seis minutos de entrevista em fila a Renato Russo, que recebe a equipe de jornalistas dormindo ou fingindo dormir. De Caetano Veloso, diante de um jornalista ansioso ao entrevistar alguém tão importante pela primeira vez, ao pouco conhecido John Lurie, que vivia dias de descanso na Bahia e recebe os entrevistadores jantando com simplicidade. De Mick Jagger, em suas duas rápidas mas reveladoras conversas, a Alanis Morisette, a artista que o jornalista mais entrevistou na sua carreira. Ao final de cada verbete, o leitor vai encontrar, numa escolha muito pessoal, a indicação de uma música daquele artista que não pode deixar de ser ouvida? a melhor faixa que cada um deles produziu na carreira. Há também a seção ?As cinco mais?, com um divertido exercício crítico que joga com esse tipo de categorização, usando critérios um tanto exóticos, como ?Cinco músicas que eu canto sem falar a língua original?, ou ?Cinco singles que eu deveria ter vergonha de ter na minha coleção (mas não tenho). Ao longo do livro o leitor encontra as descobertas musicais de Zeca Camargo na seção Perdido em Música, com as dicas mais ?descoladas? do jornalista e as indicações de onde encontrar esse material, dos sons da África às musicas dos guetos das metrópoles. De A-Ha a U2 é uma oportunidade para os fãs da cultura pop se aproximarem de seus ídolos pelo olhar de um grande conhecedor. Ou para simplesmente se divertir com as observações do jornalista em seu dia-a-dia de trabalho, no qual fez da maneira de escrever uma extensão de seu gosto musical.