Oferta de
Livro - Morte De Rimbaud, A
Mais ofertas de Leandro Konder
por
R$ 9,99
* Confira sempre o valor atualizado antes de efetuar a compra.
Mais informações da Oferta
Leitores de romances policiais não precisam de disciplina intelectual. Costumam se entregar à leitura com uma displicência voraz. Se dificilmente largam um livro pela metade, não é por questão de princÃpio nem por dever de ofÃcio, mas apenas porque não agüentam não chegar ao fim: em geral, são compulsivos. Possuem um tipo de imaginação que os faz iludir-se alegremente com as armadilhas do enredo. Fingem-se de inocentes, pois sabem que acreditar no que lêem é condição para desfrutar de um imenso prazer.A morte de Rimbaud sugere que Leandro Konder é bem esse tipo de leitor. Talvez até se dedique à leitura comodamente escrachado no sofá da sala, numa dessas posturas que deixam apopléticos os ortopedistas.Sem a sua experiência de leitor, ele com certeza não teria escrito um livro que se enquadra com tanta exatidão no gênero policial. A trama envolve um milionário apaixonado por literatura francesa que resolve sustentar cinco escritores considerados por ele muito talentosos. O mecenas passa a chamá-los pelo nome de grandes autores franceses: Rimbaud, Aragon, Rousseau, Malraux e Claudel. Oferece-lhes uma polpuda verba mensal e despacha-os anualmente para férias na França. Rimbaud é encontrado morto. Pode ter sido acidente - ou não. As caracterÃsticas do gênero estão dadas. Existe, aqui, por exemplo, um provável assassinato; uma ilustre coleção de suspeitos; um conjunto variado de motivações para o crime e de oportunidades para cometê-lo; pequenas tramas paralelas que são puro diversionismo; uma série de detalhes aparentemente gratuitos e que no entanto se revelam determinantes para o desenrolar da ação; um detetive paciente, pertinaz e autoconfiante, desses que são capazes de se fazerem de bobos apenas para soltar a lÃngua de um suspeito.Isto é um romance policial, sem dúvida.Mas também não é.As epÃgrafes já desmentem o gênero. Não costumam aparecer em policiais, muito menos capÃtulo por capÃtulo. E menos ainda se extraÃdas de autores como Marx, Maquiavel, Petrônio, Borges, Drummond, Shakespeare, Fernando Pessoa, Rousseau, Malraux, Claudel, Aragon e Rimbaud. O filósofo Leandro Konder traz para este livro um pouco da erudição exigida pelo seu trabalho intelectual "verdadeiro". Mas sabe muito bem combinar as coisas: dá à sua escrita a leveza de quem pode se fazer de inocente apenas para desfrutar de uma boa história.Foi um leitor feliz que escreveu A morte de Rimbaud.