Livro - Hídrias

Essa pequena obra - pequena, na acepção que utilizou Baudelaire para seus Petits poèmes em prose, no sentindo de brilhantes miniatures - vêm coroar 50 anos de uma das mais exuberantes trajetórias poéticas da literatura brasileira. A de Dora Ferreira da Silva, autora de primorosos livros de poesia como Andanças, Talhamar, Retratos de Origem, Poemas da Estrangeira, entre outros. Seu talento poético e refinada sensibilidade confirmam-se igualmente nas suas exímias traduções de Rilke, Hölderline S. João da Cruz. Agraciada com a honraria máxima concedida pela Academia Brasileira de Letras, o prêmio Machado de Assis de 2000, por sua obra Poesia Reunida (Rio de Janeiro, Topbooks, 1999), Dora Ferreira é "uma das vozes mais singulares da nossa poesia", como reconhecem unanimemente alguns dos mais ilustres críticos e poetas brasileiros e estrangeiros, como, entre outros, Gerardo Mello Mourão, Euryalo Cannabrava, Jose Paulo Paes, Cassianno Ricardo, Nogueira Moutinho e Vilém Flusser. Nesse livro em que sua ligação com o mundo grego se dá por vias profundas e misteriosas, qual uma "herança ancestral", cada um dos poemas de Hídrias evoca um determinado mito e encerra um kósmos completo em si mesmo, um kósmos que poderia ser condensado em uma imagem pictórica representativa. Assim como as hídrias são recipientes que contêm água, elemento sagrado de pureza e de purificação por excelência, cada poema parece constituir-se no receptáculo do elemento sagrado e vivificante que o próprio espírito da poesia mesmo quando divino parece se ausentar do nosso mundo...