Cantigas para ninar homem. São palavras muito bem escolhidas que, reunidas em folhas de papel, parecem se transformar em letras de músicas cujas melodias já vêm embutidas na sonoridade de cada verso. Ao mesmo tempo contando e cantando aventuras e sensações protagonizadas por crianças muito inteligentes e animais para lá de espertos, Pimentel retrata com carinho e nostalgia um mundo em que a infância e a natureza mantêm uma relação estreita e fundamental. As ilustrações do estúdio Os Figuras ressaltam as cores e a musicalidade dessas cantigas, fazendo com que as palavras trabalhem em conjunto com as imagens na criação de uma obra envolvente.
Tem a "Cantiga da centopéia", "Cantiga da infância derradeira", "Cantiga do papagaio gago", "Cantiga de soltar os bichos"... Sempre dando ênfase ao contato pacífico entre a meninada e bicharada, Pimentel ainda brinca com velhas canções populares. A "Cantiga do gato zangado" é assim: "Atirei o pau no gato/ que fugiu para o telhado/ E gritou lá das alturas:/ Ô seu moleque malvado./ O berrão que o gato deu/ acordou a gataiada,/ que me botou para correr/ com uma vaia danada./ Procurei pedir perdão, mas o bichano mordido/ mordeu foi o meu dedão". Depois dessa, é melhor pensar duas vezes antes de atirar o pau no gato! Cantigas para ninar homem mostra Luís Pimentel, que se define como um "ex-menino de roça", relembrando a sua própria infância e compartilhando suas mais queridas recordações com todas as crianças do planeta ? estejam elas no campo ou na cidade grande. O livrinho é uma forma de o autor revelar que ainda tem esperança de que algum dia o mundo será um lugar melhor para se viver ? com muito mais alegria, amor, respeito e, é claro, cantigas. Pimentel também lançou recentemente pela Bertrand Brasil o livro de poemas O calcanhar da memória.