Paperless. É preciso uma quebra de paradigma

paperless officeVivemos em uma cultura que beneficia e estimula a produção de papel e plástico. Muitos deles absolutamente desnecessários e pouco práticos, mas, por questão de cultura e comodismo, seguimos mantendo essa postura. Perceba como as tecnologias que produzem papel evoluem muito mais rápido e ficam baratas e acessí­veis ao público doméstico muito mais facilmente que tecnologias de reaproveitamento e digitalização.

Hoje estamos muito digitais. Produzimos música digital e compartilhamos na rede, armazenamos em nossos dispositivos móveis, distribuí­mos em formatos portáteis. Produzimos fotografia digital aos montes, compartilhamos, distribuí­mos da mesma forma. Criamos textos, arte, utilitários, completamente do zero, direto no digital. Mas repare, também gravamos CDs com essas músicas e arquivos, imprimimos textos e fotos, geramos cartões com os códigos, arquivamos. Fisicamente.

Quantos de nós costumam perder algumas horas para digitalizar livros, escanear fotos e converter seus LPs e VHSs em formato digital para, em seguida, se livrar dos originais, doar, vender, o que seja? É muito trabalhoso, não é corriqueiro e não é culpa sua. Compare. O que você precisa para imprimir uma página de texto? Apenas 1 clique, no máximo 3 se você quiser configurar alguma coisa, mas efetivamente em 1 clique você imprime uma página. Mas e se você quiser digitalizar esse mesmo documento, sabe quais são os passos?

  1. Escanear;
  2. Salvar em imagem;
  3. Abrir no programa de reconhecimento de caracteres (OCR) e executá-lo;
  4. Salvar o texto e abrir em um processador de textos;
  5. Revisar e corrigir o necessário;

Isso para CADA página. Imagine que você esteja querendo digitalizar um livro de 200 páginas. E sem contar as imagens, tabelas, fotos, contidas nas páginas. Fácil? Nem um pouco. Agora imagine os processos para se digitalizar um disco de vinil ou o negativo de uma foto antiga.

Temos o Kindle e seus concorrentes. O ótimo iPod e suas centenas de similares, além de outros dispositivos que possuem suas funções. Porta-retrato digital virou febre. Mas todos esses ótimos gadgets que nos permitem consumir coisarada digital, não nos auxilia em nada no reaproveitamento, apenas nos estimula o consumo – ok, e a produção – digital.

Nosso legado é o paradigma a ser quebrado

A tecnologia OCR continua em evolução. Hoje já existe uma precisão de 99% (100% só é atingido por um humano) no reconhecimento de caracteres do alfabeto latino, uma boa precisão para outros e as pesquisas continuam para aprimorar os algoritmos e quem sabe atingir um ní­vel de escrita í  mão. Mas não vemos isso. Não está difundido e estimulado, como estão as impressoras, multifuncionais e afins. Hoje já é possí­vel possuir uma impressora laser doméstica, algo imprevisí­vel há 5 anos. E os scanners populares são pouco vendidos, possuem tecnologia ou qualidade baixa, além de serem desaconselhados, devido ao espaço “inútil” que ocupam.

Mas isso é o mí­nimo comparado ao tanto de assinatura, carimbo, cópia, protocolo, recibo, canhoto que produzimos. Sem falar em cadernos, panfletos, post its, cartazes e tantos outros que poderiam ser substituí­dos por versões digitais, mais seguras, compactas, portáveis, não geradoras de lixo, traça e mofo.

Anteontem eu andei em um carro que não precisa de chaves. A ignição é feita com identificação biométrica. Achei fantástico e imediatamente comentei o quanto sou fã de biometria, o quanto torço para um dia pagar uma conta em crédito ou débito usando apenas o meu olho, sem carregar cartões ou mesmo documentos. Eu sou o meu documento. Ninguém melhor que eu para provar quem sou. Ouvi do motorista “é, mas que eu acho estranho não ter uma chave, acho“. 😉

Esse é nosso legado, nosso paradigma que precisamos romper. Não é mais o futuro, é o presente que nos cobra essa postura. A indústria da música já é outra, a dos filmes está sendo forçada a mudar, os jornais já estão se adaptando para não morrer (alguns já morreram). Qual será a próxima mí­dia a se render?

E você? Já pensou nisso?

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