Internet

Ética, responsabilidade e humildade = credibilidade

Os Brasileiros estão descobrindo os blogs. Como descobriram o Orkut há um par de anos e estragaram (vejam que comunidade digna de pena), agora tem um pessoal querendo estragar os blogs também. É só parar para pensar que os blogs hoje são responsáveis pela maioria do conteúdo que aparece nas primeiras páginas de busca do Google e podemos sentir o estrago.

Ao escrever um livro, o primeiro grande obstáculo é a sua publicação. É necessário que haja interesse de alguma editora, caso contrário você terá que bancar a impressão, distribuição, propaganda, contato com livrarias, etc. Após isso, ainda será necessário que o seu livro VENDA, ou sua proposta de dominar as mentes espalhando umas besteiras escritas vai por água abaixo. Felizmente (ou infelizmente), é muito fácil publicar qualquer coisa que se queira na Internet. E os blogs tiveram um papel fundamental nesse avanço. Qualquer um pode manter um blog, com um mí­nimo ou nenhum gasto – e o pior (ou melhor), ainda pode ganhar dinheiro com isso.

Com a crescente ascenção dos tubérculos e salsinhas aos blogs, estamos vendo aumentar a quantidade de blogs com conteúdo classe Z, que vai do duvidoso í  porcaria mesmo. Felizmente uma onda contrária a isso tudo (uma í­nfima parcela) tenta, a todo custo, manter-se criando conteúdo, gerando informação, dando opiniões de qualidade, questionando, propagando, etc. Essas pessoas (me incluo na classe) insistem no modelo blog de publicação e não se envergonham em afirmar “sou blogueiro”. Os “salsinha” é que não devem ser considerados assim.

A questão da credibilidade

Muito se tem questionado sobre a credibilidade de uma informação contida em um blog. Como os blogs continuam sendo exibidos pela mí­dia de massa como diários virtuais, somos generalizados e reduzidos a adolescentes com muito tempo vago e linguajar “próprio”. Ainda assim, surgem pesquisas como essa que sugerem serem os blogs responsáveis por convencer pessoas a aderirem a uma campanha, comprarem um produto, execrarem uma empresa/marca, etc. Resumindo, blogs são formadores de opinião por natureza.

Blogueiros são pessoas, acessí­veis (mesmo os mais famosos), flexí­veis, declaradamente parciais (em teoria, não escondem um jabá em um post de opinião). Nos blogs, o leitor pode participar do texto, colaborando, criticando, acrescentando conteúdo, citando outras fontes, corrigindo o autor em algum ponto, pedindo elucidações. O blog é antes de tudo uma ferramenta social, por conta disso, faz-se amigos lendo blogs. E quem não confiaria na opinião de um amigo ao elogiar um determinado produto, marca, conceito?

O fato de muitos blogs terem uma forma de rentabilização não determina sua postura no mesmo. Dinheiro pode ser um incentivo para o autor escrever nas horas vagas ou mesmo um sustento para que ele escreva durante todo o dia. Isso não importa, desde que pequenas regras não declaradas sejam seguidas. O lema do Google é bem apropriado para definir essas regras: Don´t be evil (algo como “não faça o mal”, “não caia na tentação” em uma tradução livre). Cair na tentação seria, por exemplo, elogiar uma marca sem dizer que aquele texto foi pago pela empresa. Ou fazer um texto pago, dizer que foi pago, mas só falar coisas boas (mesmo que a marca/produto/empresa) não lhe agrade.

Responsabilidade com o seu blog

O autor de um blog que “se vende” está sendo, em primeiro lugar, irresponsável com o seu próprio blog. Esse tipo de atitude é facilmente descoberta e espalha na Internet como fogo no mato seco. Blogueiros fazem e gostam de barulho. Se alguém faz algo que fere as regras não declaradas, será “punido” pela comunidade com a exposição de seus atos.

Ao assumir o seu blog como um empreendimento – seja ele com ou sem fins lucrativos – você passa a assumir uma postura mais responsável. Expor seu nome, sua reputação, sua “cara” na Internet é algo arriscado e por isso um certo cuidado é necessário, ponderação com as palavras, com as atitudes, com o tratamento dado aos seus leitores e usuários.

Há alguns dias, eu participei com meu outro blog de uma promoção no Blog do Becher, principalmente para apoiá-lo, como participei de outras em outros blogs, pois o próprio fato de se investir em seu blog já denota um certo grau de maturidade que vale o apoio. Fiquei sabendo que fui sorteado e hoje o prêmio chegou em minhas mãos por Sedex. Não somente pelo prêmio em si – que será muito útil – mas pela dedicação do Becher na realização da promoção, na informação do envio e na carta que acompanhou o pendrive, vejo com muita alegria que alguns blogs estão no caminho certo. E é isso que me faz continuar insistindo, e tenho certeza de que é isso que faz muitos outros continuarem.

Este texto foi inspirado pelo questionamento do Ricardo Cabianca e a praxe (TAG) pede que eu indique outras pessoas para continuarem o assunto. Convoco: Gabriel Tonobohn, Alexandre Fugita, Fábio Seixas, Gilberto Junior e Becher.

Subscribe
Notify of
guest
19 Comentários
Newest
Oldest Most Voted
Inline Feedbacks
View all comments