Depois de oferecer – e faturar – por muito tempo a venda de músicas online no site iTunes e revolucionar o mercado fonográfico com seu iPod, a Apple agora planeja dar mais um passo em direção ao domínio mundial: pague uma vez e baixe quanto quiser, uma espécie de “buffet musical”.
Downloads Ilimitados de músicas
Quanto você pagaria a mais pelo seu iPod, se ele viesse com uma conta de downloads ilimitados no iTunes? Alguns estão cogitando o valor de 100 dólares, o que pelo valor atual da música na loja da maçã, dariam 100 músicas pelo método existente (pay per download). Cem músicas ou cerca de dez álbuns completos. Você compra isso durante um ano?
Se o modelo pegar, certamente será seguido pelo mercado, afinal ninguém vai querer ficar para trás. Muitos de nós já vivenciamos a época em que o acesso í Internet não era ilimitado (que está acontecendo agora no início do acesso via celular novamente), servidores de FTP com quota de download, linhas telefônicas que custavam o valor de um automóvel (sério, isso existiu!) e taxas absurdas de “ativação” de aparelhos celulares. A tecnologia evolui, se paga, torna-se mais acessível. Esse é o ciclo natural das coisas. Viram commodities. Que esse seria o caminho das músicas, eu não tinha dúvida, mas será que é agora?
Quem mexeu no meu queijo?
Não há dúvidas de que o modelo de assinatura com consumo ilimitado é ótimo para os consumidores, muito bom para a Apple que venderá mais equipamentos, mas e as gravadoras? Será que pensam o mesmo?
Muito temos questionado sobre a validade da afirmação de que “a pirataria aumenta o preço dos CDs originais“, tem muita gente que acredita justamente no inverso, já que estamos vendo os valores caírem. Será que o download legal estimularia o consumo, ou pioraria o quadro de pirataria no mercado?
Quando uma música é vendida por download e parte desse valor é repassado para as gravadoras, existe um alto ganho no processo, mesmo com o risco do arquivo ser multiplicado na Internet. Veja, os valores envolvidos na produção de um CD vão muito além da mídia gravada. Os altos custos em publicidade, encarte, posters, distribuição, controle, por vezes inviabilizam um bom projeto artístico por falta de verba ou patrocínio cultural que permita sua execução. Isso praticamente tende í zero quando uma música não é necessariamente gravada num CD.
A distribuição da música se dá sob demanda, a entrega é imediata e consome recursos do comprador, não há custo com material impresso, a publicidade pode cair muito ou chegar a zero (o consumidor que compra numa loja virtual normalmente não chegou ali por conta de uma propaganda). Ótimo modelo. Mas o que dizer com o download indiscriminado baseado no modelo de assinaturas proposto?
Licenças OEM para músicas?
O modelo não chega a ser uma grande novidade. A Nokia anunciou um sistema onde os telefones celulares possuem esquema parecido (acordado em dezembro/2007 com a Universal Music) chamado “comes with music” (o modelo da Apple está sendo chamado de “all you can eat” – tudo o que puder comer, como são chamados os restaurantes “bandejão” ou “buffet” nos EUA). A gigante de celulares oferece 80 dólares para as gravadoras, por cada aparelho que seja vendido com essa licença. Já a Apple está oferecendo apenas 20 dólares.
Em ambos os modelos, o cliente poderá manter as músicas que baixar, mesmo que o aparelho se perca ou seja destruído. Enquanto possuir o equipamento, poderá continuar baixando novas músicas.
As negociações avançam e a Nokia anunciou que pretende fechar o acordo com a maior quantidade de selos possível até o segundo semestre, quanto vai lançar seu serviço. Será que a Apple consegue emplacar mais uma? E você, quanto pagaria por todas as músicas que pudesse “comer”?