Mark Zuckerberg no Brasil
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Mark Zuckerberg, criador do Facebook, no Brasil

Mark Zuckerberg, o fundador do gigante das redes sociais, o Facebook, participou hoje de um encontro com uns poucos blogueiros em São Paulo. Eram cerca de 10 autores e eu fui um dos convidados. Um papo informal, nos disseram no convite, de apenas 1 hora (que acabou diminuindo).

Mark é o estereótipo da Geração Y. Visual despojado, tranquilão, na dele. Antes do papo, sua assessora conversou conosco sobre sua timidez e a dificuldade que ele tem em entender o “inglês falado pelos brasileiros“. Por conta disso, uma tradutora o acompanhou durante a conversa, traduzindo nossas perguntas feitas em português, por solicitação do Mark. Bom, sua dificuldade eu percebi, quando um dos convidados tentou perguntar em inglês e ele pediu pra repetir, já sua timidez … sinceramente não vi.

Como esperado de alguém muito jovem – Mark, que ficou milionário com seu Facebook antes mesmo de completar 20 anos, hoje tem 25 – Zuckerberg falou muito sobre suas convicções sobre o produto, sua visão otimista, sem se aprofundar em detalhes ou mesmo citar os assuntos estratégicos, comerciais e de negócio (o que eu estava ávido por saber). O grande foco da conversa, e que aparentemente será a vedete do encontro com desenvolvedores de amanhã, foi o Facebook Connect, a nova plataforma do Facebook para atrair desenvolvedores de aplicativos e integrar sites de fora de sua rede.

Facebook Connect, a bola da vez

Apresentado como a última bolacha do pacote em termos de integração entre sites e aplicativos (como se ninguém tivesse ouvido falar de OAuth ou integrações feitas com OpenID), o Facebook Connect é basicamente uma plataforma que serve de interface entre um serviço qualquer com o Facebook, via Internet. Através dele é possí­vel fazer autenticação, validação e acesso (troca, na verdade, o Connect permite fazer gravações também) a alguns dados do usuário dentro da rede fechada do Facebook.

A aposta do Facebook com o Connect, reflete o pensamento de Mark de que o que vai fazer a rede “pegar” no restante do mundo (nos EUA o Facebook é dominante, no Brasil nem faz cócegas no Orkut) é o número de aplicações criadas em torno de seu produto. Quanto maior a rede de desenvolvedores envolvida em torno do Facebook, maior ele se tornará e com mais abrangência e poder junto aos seus usuários.

Quando perguntado sobre a grande diferença de penetração no mercado brasileiro, comparado ao Twitter e Orkut, Zuckerberg afirmou ter plena confiança de que isso é uma questão de tempo. Conforme as pessoas forem conhecendo o Facebook, seus aplicativos, desenvolvendo seus próprios, interagindo e percebendo o quão melhor (segundo o próprio) o seu produto é que seus concorrentes, elas migrarão. É o velho pensamento – que eu discordo, quero deixar claro – “construa e eles virão”, pintado com uma certa arrogância inerente a sua juventude e justificada pelo seu inegável poder no restante do globo.

Utilitário Social (Social Utility)

Segundo Mark Zuckerberg, o Facebook é muito mais que uma Rede Social. É um Utilitário Social, e com esse discurso, reafirma que a grande vantagem em relação as outras redes é a confiabilidade dos dados expostos por seus usuários, a “veracidade” dos perfis e a diferença na forma de uso que seus usuários dão ao Facebook, para outras redes. Para Mark, seus 250 milhões de usuários (1,3 milhões só no Brasil), usam o site não somente para coisas “frí­volas”, como ver ví­deos e fotos dos amigos, mas também para coisas úteis.

Com a possibilidade de traduzir toda a interface para o português, opção disponí­vel há cerca de um ano, Mark acredita que o crescimento no Brasil é inevitável, no entanto, não planeja nenhum tipo de versão local, especial para as caracterí­sticas do público brasileiro. Na verdade, Mark confessou sequer conhecer qualquer caracterí­stica do usuário brasileiro, além de declarar que, na média, todos os usuários do mundo usam o Facebook mais ou menos da mesma forma (demonstrando mais ainda o quanto desconhece ou não faz questão de conhecer). Tanto que uma das principais caracterí­sticas do usuário médio de redes sociais no Brasil, que é bisbilhotar os perfis alheios, não é estimulado no Facebook (por padrão, os perfis são limitados para quem não é um contato) e Zuckerberg nem chega a considerar isso um desafio a ser vencido para aumentar a adoção do site no Brasil.

Para aqueles que pensaram que o Facebook estaria se estabelecendo comercialmente no Brasil, tirem os cavalinhos da chuva que isso não vai rolar tão cedo. Apesar do crescimento da rede no paí­s – segundo Mark, mais de 100% de crescimento em 2 meses – a empresa tem a polí­tica de criar escritórios apenas em paí­ses ondem possui um número de usuários e acessos representativo, o que ainda não é realidade por essas bandas. Mesmo com tendência ao crescimento, sua penetração no mercado ainda é muito pí­fia, considerando outras redes de sucesso no Brasil.

Ganhando dinheiro com redes sociais

Um dos grandes desafios de quem trabalha com serviços de conteúdo gerado por usuário (UGC) e principalmente redes sociais, onde a maior parte do conteúdo é gerado e mantido dentro das paredes do site, sem acesso externo, é saber como rentabilizar o serviço. Talvez o segredo esteja na segmentação e localização, facilitados nesse tipo de rede. Mas anunciantes querem mais que uma promessa “meu site é f*da e vai virar… um dia”. Querem ver números, acessos, usuários, potencial de conversão, etc. A minha pergunta para o Mark, que não tive tempo de fazer, era justamente sobre isso.

Na rede como um todo, a meta para esse ano (e já estamos em agosto) é de US$ 500 milhões. Eu queria muito saber se existe uma meta para o Brasil e como eles pretendem convencer os anunciantes locais a apostarem no Facebook. Existe uma carta na manga? Seriam os anúncios do Facebook muito mais relevantes que os AdSense do Orkut? Where is the beef?

A pergunta ficou no ar e eu continuo observando, como sempre faço, para onde vai isso tudo.

Em tempo: me pediram para perguntar ao Zuckerberg se ele achava que a empresa dele valia mesmo US$ 6.5 Bi. Eu achei um tanto quanto rude, e pelo que vi hoje, ele provavelmente responderia:

– Não. Vale uns US$ 10 Bi. Talvez mais.


Foto: CDN Interativa em Creative Commons no Flickr (mais fotos)

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