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Conteúdo pago na Internet. De volta a 1998?

Publicidade não fecha as contas da Internet. Isso todo mundo já sabe. O que ninguém estava acreditando, pelo menos até os últimos dias, é que dá para ganhar dinheiro fechando o conteúdo de um site. Aquilo que os portais faziam em 1998 – hã? Ainda tem portal que faz isso? Ahhh verdade, eles ainda são os mesmos de 1998 …

Recentemente o New York Times anunciou que irá adotar essa tática para tentar monetizar seu site – dando um passo atrás do que fez em 2007. Isso porque, todo mundo também já sabe que jornais estão morrendo (os impressos, calma) justamente por causa da facilidade e agilidade da Internet em noticiar os fatos. Jornal impresso é notí­cia de ontem.

O modelo do New York Times

Mas voltando ao NYT, eles não pretendem fechar totalmente o conteúdo para assinantes, é uma espécie de modelo hí­brido. Os leitores casuais, aqueles a quem carinhosamente apelidamos de para-quedistas, que chegam ao site através do Google ou indicação de outros sites, continuarão tendo acesso ao conteúdo gratuitamente, porém, até um certo limite – ainda não divulgado. Os leitores fiéis, que acessam o NYT diariamente atrás de notí­cias relevantes para a sua vida, são os que deverão pagar para ter esse acesso ilimitado. Os assinantes do jornal impresso continuarão com acesso livre ao site.

Refletindo um pouco, me diga, nesse ambiente onde a maioria esmagadora dos usuários está atrás de conteúdo gratuito, diversão gratuita, músicas, filmes, games, e nesse mesmo cenário que já está se adaptando para atender a essa demanda – ou a indústria se move ou a pirataria vence – e considerando que as notí­cias atualmente são praticamente as mesmas em todos os veí­culos, pois são distribuí­das por grandes agências de notí­cias, será que o modelo proposto pelo NYT dá certo?

Em minha modesta opinião, algo nesse ní­vel só pode ser sustentável se o conteúdo oferecido for realmente muito bom e exclusivo. Do contrário, os potenciais clientes simplesmente procuram outra freguesia.

As revistas estão resistindo, mas até quando?

O perfil de revistas é bem diferente do jornal diário. Ao invés de se preocuparem em dar notí­cias, as revistas procuram fazer matérias de interesse geral, com muita apuração, depoimentos, complementos que possam torná-las referência, que possam despertar o interesse do leitor em comprá-las, já que sua agilidade não é tão grande quanto a de um jornal diário ou da Internet (essa, muito menos).

No Brasil ainda se compra muita revista. Digo isso com conhecimento de causa. E da forma como as coisas estão se configurando, essa é uma mí­dia que ainda viverá por 10, 20 anos ou mais, aqui por essas bandas. Claro que as grandes editoras possuem uma vantagem sobre as demais, pois conseguem segurar um perí­odo de pouca venda de publicidade ou uma edição encalhada (a Playboy da Fernanda Young, por exemplo). As pequenas precisam se desdobrar para continuar no mercado. Boas revistas estão sendo descontinuadas por pura incapacidade de se manter os custos de produção e logí­stica.

Com o advento e a popularização dos e-readers, mais ainda com os de tela colorida e acesso í  Internet, quanto tempo será que demora para que o equipamento as substitua? E se revistas estão já observando isso como possibilidade, o que diremos dos jornais?

Conteúdo pago é a solução?

Não, não é. Mas eu também não sei dizer qual é a solução para que a Internet finalmente seja uma plataforma rentável – se soubesse, já estava rico. A publicidade, infelizmente, foi vendida de forma errada desde o começo, como mí­dia barata e totalmente personalizável e direcionável, o que acabou deixando-a com esse estereótipo difí­cil de mudar depois de tantos anos de repetição. O cliente sempre pede uma Ferrari e quer pagar um Fusca.

Eu imagino que o caminho é a oferta de serviços. Já que o conteúdo está replicado e não existe possibilidade de contê-lo na rede – nem justificativa para tal absurdo. Oferecer serviços agregados ao conteúdo fornecido pode ser uma forma de salvar o bolso dos investidores na Internet. É claro que entretenimento (cof cof porn cof cof) e utilidade podem ser categorias que se sustentem com conteúdo premium, mas conteúdo volátil como notí­cias, não acredito mesmo.

O que você acha? Qual site você pagaria para ter acesso ao conteúdo e por que? Deixe seu depoimento nos comentários.

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