• Um príncipe em NY
    Internet,  Segurança

    Sargento Mark Smith ou O golpe mais antigo da Internet (e pelo visto, imortal)

    Esses dias uma amiga minha me pediu ajuda para encontrar a origem de um número de telefone, do Sargento Mark Smith. Inicialmente eu apenas ajudei na tarefa e depois algo me despertou a perguntar do que se tratava, já que era um número internacional, vindo do continente africano. Fiquei curioso. Era o golpe do príncipe nigeriano, só que reciclado.

    A mãe dessa amiga, uma pessoa que não é tão ligada em coisas de Internet, bem low tech mesmo, havia recebido uma série de mensagens de um homem que se dizia apaixonado por ela, fez juras de amor, promessas de se verem em breve, etc. E ela interagiu, não chegou a se questionar as coisas que pessoas mais desconfiadas ou não tão ingênuas se questionariam. Ou seja, deu corda para o golpista.

    Montagem de passaporte
    A foto enviada do passaporte é uma montagem grosseira cuja original eu achei no Pinterest.

    O homem dizia se chamar Mark Smith (algo como José Silva no Brasil, um nome bastante comum), mandou foto com montagens toscas de passaporte e de um “cartão de identificação do US Army” (as Forças Armadas dos EUA) – nem precisava ser consultoria em design para ver que era falso. Dizia ser sargento do exército em atividade na Síria e fazendo os preparativos para “voltar para casa”. Aí é que vem o golpe.

    “Mark” diz que ele se seus colegas juntaram um dinheiro “por conta de suas boas ações” e que estão tentando enviar o dinheiro para seus países, mas por conta da guerra na Síria, tinham sérias restrições por conta de leis e regulamentações. A forma de lidar com isso seria enviar através de terceiros, e que seus colegas estariam fazendo isso através das esposas, porém, como ele não tem esposa, queria enviar o dinheiro para a mãe de minha amiga. Seriam US$ 800.000 – oitocentos mil dólares – enviados para uma pessoa que ele não conhece. Enviou foto da mala de dinheiro e dos “colegas” fazendo a partilha. Faz todo sentido, certo?

  • A Resistência
    Internet

    Nós somos a resistência

    O ano era 2009. O evento era o lançamento de um celular-câmera, na era em que o Android ainda era uma promessa, o Symbian tinha se perdido no caminho da evolução e o Windows Mobile era uma gambiarra sem fim. Resumindo, era uma ótima câmera embutida num celular mais ou menos, mas era uma tentativa. As pessoas acima foram as convidadas pela agência que atendia a marca para uma experiência diferente, vivenciar as capacidades do novo gadget em ambientes descontraídos (passeio, show de noite, etc). Eram os influenciadores digitais da época.

    Cai o pano, entra o apresentador.

    A querida Bia Granja, do YouPix, usou a foto acima para divulgar seu texto recente nas redes sociais – com sua visão pessoal – sobre o que aconteceu com “a blogosfera”. Segundo o texto da Bia, com a chegada do YouTube, “os blogueiros perderam uma grande parte de sua grandeza e, em alguns casos, seu propósito“.

    O texto possui erros, mas o principal é considerar que “A Blogosfera Brasileira” se resume ao grupo de blogs de humor que são pauta dos eventos YouPix-like – que são, em sua imensa maioria, focados em webcelebrities, memes, humor e entretenimento. E digo isso sem diminuir a importância desse nicho, mas apenas destacando que é simplesmente um nicho. Uma das muitas faces ou como a Lúcia Freitas expressou muito bem ontem, uma das muitas blogosferas existentes, que já cansei de repetir ao longo desses anos.

  • R.I.P. Orkut 2004-2014
    Internet

    Descanse em paz, Orkut

    Após 10 anos de existência e, desses, uns 4 de ostracismo e abandono, o Orkut fechará suas portas no dia 30 de setembro. O anúncio veio do próprio Google, que agradece o tempo dedicado e lamenta aos que ainda utilizam a plataforma, depois de anos sem qualquer investimento ou pronunciamento sobre o futuro de sua primeira rede social.

    O Orkut nasceu como um projeto pessoal de um engenheiro do Google – cujo nome foi utilizado para batizar a ideia – em seu tempo vago. Até hoje a empresa incentiva que seus funcionários criem coisas diferentes dos seus projetos habituais e foi num desses momentos que Orkut Büyükkökten acabou desenvolvendo a rede, e nós agradecemos até hoje ele não tê-la batizado por seu sobrenome.

    Apesar do imenso sucesso no Brasil (e em alguns países do oriente), o Orkut nunca “pegou” no resto do mundo, perdendo no início para o mySpace e depois para o Facebook, e por esse motivo nunca recebeu muita atenção da empresa. O Google, aliás, chegou muito tarde nas redes sociais (depois da falha em não investir no Orkut) e hoje se arrasta no Google Plus tentando angariar adeptos (porque cadastros eles já empurraram obrigatório na garganta de toda conta Google, certo?). É bem provável que esse falecimento decretado, com data de enterro e tudo, seja mais uma tentativa de atrair usuários para o Plus, mas quem vai saber? Se o Orkut ainda atraía usuários fiéis, eu acredito que seja por conta do seu formato, que o Plus não herdou e sequer chega próximo do similar.

    Comunidades ou afinidades?

    Uma das grandes funcionalidades do Orkut que o tornaram útil por tantos anos foram as comunidades. Nelas o objetivo era estimular a discussão, a conversa entre pessoas conhecidas ou não, a troca de informações e de experiências. O que aconteceu efetivamente e por isso foi muito útil. Por se tratar de uma rede fechada às buscas do Google (inicialmente), muita gente entrava para pesquisar determinados assuntos e por vezes os resultados eram de melhor qualidade que na busca geral da web. Mas as comunidades também tinha uma outra funcionalidade: definir características da personalidade do usuário.

    Quem não se lembra de comunidades famosíssimas, como: Eu odeio acordar cedo; Sou legal, ñ tô te dando mole; Sua inveja faz a minha fama; A gente se fode mas se diverte; Tocava campainha e corria; Eu amo a minha mãe; Deus me disse: desce e arrasa; Bocejei ao ver essa comunidade; Eu abro a geladeira pra pensar; Eu tenho medo do Plantão; Cala a boca… e beija logo; Se eu morrer, minha mãe me mata. Entre piadas, comunidades que acabam gerando novas amizades, a maioria era utilizada apenas como traço de personalidade, não havia interação – tirando algumas poucas pessoas e muitos spammers.

    Comunidades Orkut

    Esse tipo de característica não se encontra no Facebook ou no Plus, simplesmente porque o formato dessas redes prioriza a interação. A presença de um “newsfeed ou timeline” que não existia nos primórdios do Orkut e mesmo depois das atualizações não incluía postagens dos fóruns, acabava por estimular a “ostentação” das comunidades – que ficavam em local de destaque no perfil – como “badges” ou insígnias. Algo como usar um button de sua banda preferida ou com frase engraçadinha. As comunidades do Orkut eram os buttons digitais.

    Essas e outras características, como as brincadeiras de “beija ou passa” que rolavam nas comunidades, não foram migradas com sucesso para outras redes. Então, podemos dizer que o Orkut morre levando seu legado consigo, de uma época da Internet moleca, sem comprimisso, sem #mimimi, de várzea ;).

    O que fazer antes do dia 30 de setembro

    Se você ainda tem um perfil abandonado por lá, pode importar todas as suas mensagens, scraps, perfil e testimonials através do Google Takeout e importar suas fotos para o Google Plus. Suas comunidades, caso sejam públicas, ficarão disponíveis em modo somente leitura, numa espécie de “museu das coisas velhas” que o Google vai fazer com o Orkut, então, se você quiser que suas comunidades fiquem disponíveis para os arqueólogos digitais do futuro, você precisa mudar a privacidade delas. Já se for o contrário e você não quiser mais que seu nome ou suas mensagens apareçam vinculados ao Orkut, você precisa removê-lo de sua conta Google.

    Outras informações sobre o que você pode fazer antes do Orkut dar adeus, você encontra na página de suporte dedicada ao assunto: Time to say goodbye to Orkut.

    Quer compartilhar alguma lembrança boa que o Orkut lhe dá/deu? Usa os comentários abaixo.

  • Facebook manipulation
    Internet

    Facebook pode ser usado para manipular suas emoções

    Essa foi a conclusão de um estudo realizado pelos pesquisadores do próprio Facebook e publicado em forma de artigo científico. O estudo em si não é muita novidade, já que sabemos que o ser humano é influenciável pelas emoções do meio – não importa se o meio é digital ou não. A conclusão é que precisa ser outra.

    O estudo conduzido com a nossa permissão – ao concordar com os termos de uso da rede social de Mark Zuckerberg – manipulou o newsfeed de cerca de 600 mil usuários, selecionando aleatoriamente os perfis que receberiam mais textos e notícias negativas ou mais positivas. Com base nesse filtro, os pesquisadores avaliaram se essa exposição ao positivismo ou negativismo faria diferença nos posts que os usuários compartilhariam. E, como esperado, fez. Os participantes do teste foram “contaminados” pelas emoções dos seus amigos, passando a também disseminar o mesmo.

    Com base nesses resultados o que devemos considerar? O fato de estarmos utilizando um serviço gratuito e que nós o pagamos com nossos dados e nosso comportamento – e até concordamos com isso ao utilizar – faz com que nos tornemos reféns dos filtros que a empresa quiser aplicar. E já aplica, segundo eles, para que nossa timeline tenha mais relevância para nós mesmos. Mas nós sabemos que é uma empresa que busca rentabilizar o máximo de seus serviços (e nossos dados, matéria prima), certo? Quem nos garante que os filtros já não estão sendo (ou não serão) vendidos?

  • Internet,  Segurança

    Possível falha na Ingresso.com expõe dados de usuários

    phishing

    Ontem recebi um e-mail daqueles bem suspeitos sobre eu ter ganho uma promoção qualquer da Ingresso.com na Copa do Mundo no Brasil. Claro que eu não concorri em nenhuma promoção do tipo e li o e-mail apenas como material de estudo. Acontece que o que eu vi, me deixou pra lá de curioso.

    O e-mail veio em nome da Ingresso.com, site em que eu tenho cadastro e já utilizei dos seus serviço há alguns anos. Sem muita firula visual, o e-mail apresentava como imagens apenas a marca do referido site e um logo antigo da Copa no Brasil, o que foi utilizado na candidatura do país para sediar os jogos. No entanto, isso não me chamou a atenção.

    Apesar de exibir uma URL genérica (o que obviamente eu não iria clicar pra conferir), o e-mail também exibia a URL correta da Ingresso.com, dados de contato de quem enviou o e-mail e um texto relativamente fácil de acreditar. Mas o problema começou já no início da mensagem: ela continha dados pessoais verdadeiros e bem completos.

    Nome, data de nascimento, RG, CPF, nome da minha mãe e meu endereço completo. Um endereço antigo, mas exatamente onde eu morava quando fiz o meu cadastro na Ingresso.com, o que me leva a acreditar que esses dados foram retirados realmente da base da Ingresso.com.