Negócios

Agências de “Midia Social” não aprenderam ainda

Social Media for SaleFui contatado por uma pessoa que trabalha em uma dessas grandes agências com foco em Midia Social. Não a conhecia, embora tenha contato direto com outras pessoas que trabalham com ela. Ela me convidou para participar de uma “ação” de um grande fabricante de celulares, que eles foram contratados para bolar. Eu receberia aparelhos emprestados para testes e participaria de “eventos” organizados por eles. Quando perguntei se eu seria obrigado a postar sobre os aparelhos:

É o que esperamos 😉

Conversei para alguns amigos que relataram ter sido contatados pela mesma agência, mas por outra pessoa. Essa pessoa, ao contrário, fez tudo direito. Perguntou se o blogueiro tinha interesse e afirmou com todas as letras que não seria cobrado nenhum post. Falava se quisesse e bem entendesse.

A praga do post pago disfarçado

Agências estão tão acostumadas em comprar espaço de publicidade e medir o sucesso de uma ação em quantidade de exposição, que tudo que eles conhecem é “toma lá, dá cá“. O escambo é moeda corrente e a troca pode ser feita por uns trocados ou uma festinha regada a tequila. Não existe (claro, estou generalizando) o convite não-descaradamente-intencionado e, quando não deixam bem claro antes, cobram depois o post (declaração recebida de amigos).

O grande problema nessa relação é que um post reconhecidamente pago, em dinheiro, normalmente é declarado como tal e identificado ali como uma relação comercial e venda de espaço publicitário. E quando o desejado é o tal espaço e a tal compra do mesmo é a oferta de um diferencial, como conteúdo, por exemplo? Para muitos blogueiros, conhecer um aparelho de celular antes do lançamento é mais valioso que um punhado de reais depositados 25 dias após o post (me incluo nesse grupo).

A valorização do espaço e desvalorização da opinião

É comum a cobrança do post pelas agências, mas normalmente o pessoal diz que pode falar sinceramente. O blogueiro se sente valorizado, pois pode expressar sua opinião sincera no post, dizer se gostou ou não do produto, etc. Mas isso é o que se espera, certo? No seu blog, você poder exercer a expressão livre do seu pensamento e opinião sobre algo. Não há o que comemorar aqui. Ridí­culo seria querer ainda controlar o conteúdo da sua opinião.

A grande verdade nesse caso, é que pouco se liga para a opinião da pessoa que se deu ao trabalho de testar um produto / serviço e avaliar, levantar pontos positivos e negativos, expressá-los num post em seu blog. O que se espera é que ele fale, pura e simplesmente, e isso será “centimetrado” para avaliar o retorno da “ação” nas tais Midias Sociais. Midia espontânea, eles chamam. Grátis. Falem mal – que seja – mas falem de mim.

Por um lado vocês podem dizer que isso é maravilhoso, afinal, estão gerando pauta para o blog e continuam livres para expressar seus pensamentos. Mas isso dá algum resultado? Alguém conhece um caso de um celular que adiou o lançamento de um aparelho por conta de opiniões negativas em blogs? Eu conheço casos em que fabricantes de automóveis fizeram recall para troca de peças por conta de opiniões de usuários na Internet, mas nenhum deles foi um post resultado de uma ação de montadora ou agência. Foi espontâneo de verdade. Isso é Midia Social. Isso é viralização.

Inversão de valores e confusão de posturas

Eu não concordo com essa postura. Se querem alugar um espaço em meu blog, eu alugo, deixo bem claro que aquilo é publicidade e todos ficam felizes. Querem me convidar para um evento, eu vou, sem obrigação alguma de falar sobre – mas é óbvio que vou falar se achar relevante ao meu leitor. Simples assim #ficadica.

Já ouvi gente falar que blogueiro não gosta de ganhar dinheiro, ou que não somos profissionais, por isso ou por aquilo. Blogueiros são pessoas, entendam. Existem os que gostam de dinheiro, os que não gostam e os que gostam mas não se vendem barato. Existem os profissionais, os amadores e os mais ou menos. E não venham inverter os valores querendo usar de psicologia reversa e tentar nos comprar com mariola. Se vocês estão fazendo negócio, deixem claro e paguem o preço. Se não é negócio, não se comporte como tal.

Já está mais do que na hora dessa galera acordar e parar de se vender barato e disfarçado. Se vende, caramba, mas cobre bem e bata no peito pra dizer que foi pago. Não há nada de errado em ser reconhecido como mí­dia e potencial gerador de receita para anunciantes.

Sabe o pior nisso tudo? Eu toparia a ação dos celulares – se a postura da agência tivesse sido diferente. #prontofalei

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